Nem talento de Natalie Portman salva 'Sexo sem Compromisso'

A relação inusitada dos protagonistas lembra 'O Amor e Outras Drogas'

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Por Redação
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Seria Natalie Portman a mais nova vítima de uma maldição pós-Oscar, a mesmo que afetou atrizes como Halle Berry, Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow? Algumas semanas depois de fazer um discurso emocionado, agradecendo o seu merecido prêmio por Cisne Negro, a nova ganhadora do Oscar chega aos cinemas brasileiros com Sexo sem Compromisso, comédia romântica que protagoniza e produz ao lado de Ashton Kutcher. O filme foi rodado no ano passado e estreou nos EUA antes da premiação do Oscar - o que pode contar pontos para atriz, que poderia muito bem fazer sua personagem, a médica Emma, com as duas mãos amarradas nas costas, presa a uma cadeira e com uma venda nos olhos. Aliás, perto do esforço da atriz para encarnar a bailarina de Cisne Negro, qualquer outro trabalho provavelmente vai parecer um passatempo. O mesmo não se pode dizer do limitado Ashton Kutcher que, pela milionésima vez, faz o mesmo personagem, esbanjando a falta de desenvoltura que mostrou em filmes como A Família da Noiva e Jogo de Amor em Las Vegas e agora, na pele de Adam. Ele é um assistente de direção de um programa de televisão à la High School Musical, mas sonha em ser roteirista. A trama aqui gira em torno do relacionamento inusitado da dupla: um amizade que inclui sexo, mas sem romance. Faz lembrar O Amor e Outras Drogas - especialmente porque, tanto lá quanto cá, é a personagem feminina quem insiste em manter o relacionamento no nível casual. Por alguns minutos, acompanhamos as peripécias sexuais do casal, que se vale de lugares inusitados sempre que os hormônios entram em ebulição. Seja numa cama, ou num centro cirúrgico, quando um deles sente desejo, manda uma mensagem para o celular do parceiro. Depois de algum tempo, Adam se apaixona de verdade por Emma, que não quer envolver-se romanticamente com ninguém. Ele fica o resto do tempo tentando convencê-la de que vale a pena estar numa relação - especialmente se for com ele. E ela insiste que só o sexo lhe basta. Dirigido por Ivan Reitman - que nos últimos tempos só fez de bom produzir os filmes do filho, Jason ("Juno") - Sexo Sem Compromisso tem mais graça em seu elenco de coadjuvantes do que nos protagonistas, como o trio de médicos que divide um apartamento com Emma, os amigos de Adam e, especialmente, uma produtora neurótica, colega de trabalho do rapaz e apaixonada por ele, interpretada por Lake Bell, e o pai dele (Kevin Kline). O roteiro assinado por Elizabeth Meriwether não é de todo ruim e até consegue criar alguns momentos engraçados, que ficam bons na tela por conta do bom timing de Natalie para comédias. Mas não há qualquer química entre o casal. Qualquer tentativa de romance entre eles soa risível - o que é um problema, já que essa é a questão central. Até chegar em seu terceiro ato, para lá de óbvio e previsível, Sexo sem Compromisso aborda os benefícios e problemas da prática explicitada no seu título. A contar pela chateação em que o romance se transforma a partir do momento em que se torna oficial, a tal prática tem mais vantagens do que desvantagens. Adam é romântico. Quando Emma diz não querer um buquê de flores, ele lhe dá um buquê de cenouras... Além de atriz, Natalie também é creditada como produtora do filme. Talvez, para pagar as contas no fim do mês, ela precise se dar ao luxo de fazer um filme desses e alternar com outro independente, mais audacioso e com maior qualidade artística. Se para cada Cisne Negro é preciso existir um Sexo sem Compromisso, então, já terá feito algum sentido. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

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