Os irmãos chineses Danny e Oxide Pang ficaram mais conhecidos no ocidente por filmes de terror como Visões e Assombração. No entanto, a dupla é responsável por produções de diversos gêneros em seu país, incluindo o policial Perigo em Bangcoc, que ganha agora uma refilmagem americana estrelada pelo ator Nicolas Cage. O filme chega aos cinemas do Brasil nesta sexta-feira, 12. Veja também: Trailer de 'Perigo em Bangcoc' Assinada pelo roteirista Jason Richma (da comédia policial Em Má Companhia), a história mostra a vida de Joe, um assassino de aluguel solitário. Com narração em off, o protagonista conta um pouco de seu obscuro cotidiano sem laços sociais ou família. Enfim, como é viver sem qualquer contato com pessoas, exceto as que estejam em seus últimos suspiros. Em sua nova missão, Joe é enviado a Tailândia para eliminar os inimigos de um perigoso criminoso local. Para ajudá-lo, ele contrata os serviços de um trapaceiro pé-de-chinelo Kong (Shahkrit Yamnarm), que fará o papel de intermediário, sem saber, entre a máfia tailandesa e o misterioso assassino internacional. Com o desenrolar da trama, a posição de Joe fica comprometida graças aos três conflitos que o personagem enfrentará: ele subitamente passa a ter valores éticos, se apaixona por uma moça portadora de deficiência auditiva e apadrinha Kong, tornando-se seu mentor. Ele passa de frio e impiedoso assassino a uma pessoa amargurada por sua própria sina e sensível aos mais recorrentes apelos de solidariedade. Uma guinada cabível se não fosse a irregularidade do roteiro e a má interpretação de Cage, cujas expressões homogêneas parecem sair das cenas finais de O Senhor das Armas (2005). A relação entre Kong e Joe é confusa, a paixão entre o protagonista e a vendedora de remédios soa absurda e a adoção de princípios morais surpreende até para o personagem. Faltam peças no roteiro de Jason Richma que possam indicar as transformações de Joe e dar alguma credibilidade ao que se vê na tela. O Perigo em Bangcoc original, vencedor do prêmio da crítica no Festival de Toronto de 2000, era mais cuidadoso na construção psicológica de seus personagens e em sua estrutura narrativa.
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