Há uma curiosa estrutura em três partes de O Mercado de Notícias, de Jorge Furtado. Primeiro, a peça de Ben Jonson, escrita em 1625, na aurora do jornalismo. Segundo, os depoimentos de 13 importantes jornalistas brasileiros da área política. Terceiro, a apresentação de cases jornalísticos recentes, como o “Picasso do INSS”, a bolinha de papel na cabeça do candidato, o affair da tapioca, o escândalo da Escola Base.
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A peça de Jonson é satírica. Incrível sua percepção de que a atividade então recente do jornalismo abriria um mercado no qual se vende e compra essa nova mercadoria, a notícia. Em tom satírico, também, são evocados casos jornalísticos recentes em que pseudo notícias ganham espaço e ressonância que não mereciam. Algumas são apenas ridículas, ouro de tolo; outras podem estragar vidas. A notícia é recorte do real, interpretação do mundo tal como ele se apresenta. É matéria-prima fluida e escorregadia. Mal apurada ou distorcida, pode acarretar desastres, que atingem as pessoas envolvidas ou sobre o próprio jornalismo, dependente da sua credibilidade.
O filme provoca riso. E também reflexão. Seria engano concluir que é “contra o jornalismo”. Nas entrelinhas da sátira, uma ideia nítida se desenha: pela exposição dos equívocos, faz-se a defesa do seu contrário, o jornalismo ético, não neutro (porque isso não existe), porém imparcial na apuração, tratamento e apresentação dessa matéria fugidia chamada notícia. Quem pode ser contra isso?