Após 17 anos de Universo Cinematográfico da Marvel, o Quarteto Fantástico finalmente irá estrear na continuidade comandada por Kevin Feige, o presidente dos Estúdios Marvel. Na manhã desta terça-feira, 4, o primeiro trailer do longa dirigido por Matt Shakman foi lançado. No elenco, estão Pedro Pascal (Reed Richards/Sr. Fantástico), Vanessa Kirby (Sue Storm/Mulher Invisível), Ebon Moss-Bachrach (Ben Grimm/Coisa) e Joseph Quinn (Johnny Storm/Tocha Humana).
A chegada da primeira família da Marvel ao MCU era aguarda por fãs há anos. Nos quadrinhos, as histórias do grupo foram o primeiro grande sucesso da editora e transformaram Reed, Sue, Ben e Johnny em pilares da Casa das Ideias. Uma versão cinematográfica, então, era um próximo passo óbvio.
O caminho, no entanto, foi tortuoso. Ao longo das últimas décadas, três diferentes versões — 1994, 2005 e 2015 — do grupo chegaram ao cinema, mas sem alcançar grande sucesso. Nenhuma delas, entretanto, estava diretamente relacionada à Marvel. Na década de 1990, a Casa das Ideias vendeu os direitos cinematográficos de seus principais super-heróis parar arcar com enormes dívidas.

Com isso, estúdios como a Fox e a Sony compararam os direitos de personagens como Homem-Aranha, Wolverine e X-Men e Quarteto Fantástico, e passaram a produzir longas sobre os super-heróis da editora de quadrinhos. Foi somente em 2008, com o lançamento de Homem de Ferro e a criação do MCU, que a Marvel começou a produzir seus próprios filmes. Os personagens disponíveis para os longas, no entanto, não eram tão conhecidos pelo público geral.
Mesmo assim, Kevin Feige e companhia obtiveram sucesso em sua empreitada e criaram um gigantesco universo compartilhado, que rendeu bilhões de dólares e se estabeleceu como a principal narrativa de super-heróis do cinema. Em 2019, a Disney comprou a Fox e readquiriu os direitos cinematográficos de inúmeros personagens da editora de quadrinhos, incluindo o Quarteto Fantástico. No mesmo ano, a empresa anunciou que estava trabalhando em uma nova versão do grupo de super-heróis para as telonas.
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“O Quarteto Fantástico é a base para tudo o que veio depois deles nos quadrinhos”, afirmou Feige à revista norte-americana Entertainment Weekly em 2023. “Já existiram outras versões cinematográficas, mas nunca dentro do MCU. Isso é algo que realmente nos empolga”, comentou. Para o produtor, o plano é que o grupo de super-heróis se torne um dos pilares do Universo Cinematográfico da Marvel nos próximos anos. “Da mesma forma que eles têm sido nos quadrinhos por mais de 60 anos”, completou.
A primeira família da Marvel
O título de “primeira família da Marvel” não é por acaso. Criado em 1961 por Stan Lee e Jack Kirby, o grupo é considerado o primeiro grande acerto da Casa das Ideias no mundo dos quadrinhos. Em uma época onde o gênero de super-heróis pouco arriscava em suas narrativas, Lee e Kirby criaram uma história focada na dinâmica familiar de seres superpoderosos — Sue e Johnny são irmãos, Reed e Sue são casados, Ben e Reed são amigos de longa data.
Ao invés de serem pessoas perfeitas, os personagens eram falhos e constantemente brigavam entre si. Os laços familiares, no entanto, eram mais fortes do que tudo e mantinham o grupo unido, apesar das divergências. Além de vilões e monstros, a família enfrentava problemas reais e mundanos. A novidade catapultou o Quarteto Fantástico ao sucesso e estabeleceu a Marvel como uma das principais editoras de quadrinhos dos Estados Unidos.

As aventuras da primeira família também introduziram inúmeros outros personagens icônicos da Casa das Ideias como Pantera Negra, Namor, Doutor Destino, Surfista Prateado e Galactus. Com o sucesso do Quarteto, Stan Lee e Jack Kirby foram convidados a criar ainda mais super-heróis para a Marvel. Com isso, surgiram personagens como o Homem-Aranha, os Vingadores, os X-Men, entre outros. Não é exagero falar que, sem o Quarteto Fantástico, a Marvel como conhecemos hoje não existiria.
Entre as décadas de 1960 e 2010, o grupo foi uma das principais publicações da editora. O sucesso do MCU, no entanto, acabou interferindo na linha editorial dos quadrinhos da Marvel. Heróis como Homem de Ferro, Capitão América e Thor, que antes eram considerados personagens secundários, passaram a ganhar mais notoriedade. Sem os direitos cinematográficos do Quarteto, a Casa das Ideias passou a preterir publicações que não estivessem atreladas ao cinema.
O quadrinho mensal do grupo foi cancelado em 2015 e, durante três anos, a Marvel não publicou histórias inéditas sobre o Quarteto Fantástico. Em 2018, o Quarteto voltou a ter um título mensal, mas estava longe de ocupar o mesmo holofote que ocupava na era pré-MCU. Com a compra da Fox em 2019, as coisas começaram a mudar. O ano também marcou o final da Saga do Infinito e, desde então, a Marvel nunca alcançou o mesmo nível de sucesso no cinema.
Com a chegada do Quarteto Fantástico ao MCU, Kevin Feige sonha em recuperar o prestígio de suas produções. O filme, tido como um dos mais importantes projetos do estúdio, iniciará a Fase 6 do universo compartilhado da Marvel. Em entrevistas à imprensa norte-americana, Feige afirmou que o Quarteto será tão importante quanto os Vingadores foram no passado.
Além dos protagonistas do grupo, um dos vilões mais icônicos dos quadrinhos também receberá uma nova roupagem. Trata-se de Victor Von Doom, o Doutor Destino. Arqui-inimigo de Reed Richards, a nova versão do personagem será interpretada por Robert Downey Jr. A escolha do ator, que interpretou Tony Stark no mesmo universo cinematográfico durante uma década, foi um choque para os fãs. O vilão, no entanto, não deve aparecer no longa de estreia do Quarteto Fantástico. Doutor Destino será o antagonista dos dois próximos filmes dos Vingadores, Doomsday e Guerras Secretas, que estreiam em 2026 e 2027, respectivamente.