O terrorismo pode ser o novo astro de Hollywood nesta temporada de verão no cinema americano. Em meio a uma nova leva de alertas sobre possíveis ataques terroristas nos Estados Unidos, dois filmes ganham destaque na mídia com tramas envolvendo bombas nucleares e destruição em massa. Se passarem no teste, uma enxurrada de produções do mesmo gênero é garantida. O teste principal acontece neste fim de semana, quando chega às telas americanas o filme A Soma de Todos os Medos, baseado em um dos best sellers do autor Tom Clancy. A fita, que entra em cartaz na sexta-feira, foi rodada antes de 11 de setembro, mas lida com vários assuntos que tomaram conta da mídia mundial: terrorismo, bombas nucleares, conflitos entre israelenses e palestinos. No filme, Ben Affleck faz o papel de Jack Ryan, o agente da CIA que já foi interpretado por Alec Baldwin em Caçada ao Outubro Vermelho e Harrison Ford em Perigo Real e Imediato e Jogos Patrióticos, todos baseados em livros de Clancy. O ponto alto da trama é quando os terroristas colocam uma bomba nuclear em um estádio de Baltimore, Maryland, durante o Super Bowl, o jogo de futebol americano que é tradicionalmente o programa de maior audiência da TV. Desta vez, até o presidente dos Estados Unidos é presença confirmada na partida. A diferença em relação a muitas das produções sobre o assunto é que, desta vez, a bomba explode. As cenas, que têm sido exibidas em trailers e comerciais do filme, mostram as imagens da destruição. No filme, as investigações apontam para uma bomba nuclear desaparecida do arsenal soviético, adquirida por terroristas - um cenário muito parecido com o que as autoridades dos Estados Unidos têm trabalhado em seus planos de segurança. Na próxima semana seguinte, estréia na América do Norte a comédia Bad Company, com Anthony Hopkins e Chris Rock. Na trama, terroristas plantam uma bomba no Grand Central Terminal, uma das estações de trem de Manhattan. A história começa com a morte do agente da CIA Kevin Pope (Rock), assassinado durante uma missão. A CIA decide então alistar seu irmão gêmeo Jake, que tem de ser treinado em nove dias pelo agente Gaylord Oakes (Hopkins) para virar um espião e dar cabo da missão de Kevin. Hollywood aposta que o assunto vai atrair o público americano, avesso ao tema nos meses seguintes aos ataques terroristas de 11 de setembro. É tudo ou nada, mas a história recente não está do lado da indústria do cinema. As estréias de filmes como Efeito Colateral e Big Trouble foram adiadas e, ainda assim, as produções tiveram bilheterias medíocres. A Soma de Todos os Medos é o filme que vai dizer se o tema pode virar uma tendência. O estúdio Paramount Pictures está apostando no patriotismo do público. A pré-estréia do filme será amanhã, em Washington, D.C., com a participação de líderes militares e nomes importantes da Casa Branca. A produção de Phil Alden Robinson, que mostra a morte de milhares de pessoas, ganhou um novo tipo de "aviso" da Motion Picture Association of America: "imagens de desastre", para indicar aos pais que as cenas podem ser duras demais para crianças. O filme, com previsão de estréia no Brasil para o dia 14, tem censura de 13 anos nas telas americanas.