Bootleg não é pirataria. É comum vermos essa frase ser usada em diversos fóruns na internet e até mesmo em congressos de fãs de determinada banda como justificativa para a disseminação de conteúdo artístico e/ou intelectual sem a devida autorização do autor ou detentor dos direitos.
Os melhores argmentos de quem defende o bootleg são fracos: "não trazem prejupizo a ninguém" e "ajuda a divulgar o nome do artista, seja em qual ambiente for". Pura balela.
A divulgação de material não autorizado, em última instância, lesa o artista na medida em que. obviamente, ele não recebe nada pela divulgação/disseminação; e também causa lesão ao permitir que material de qualidade inferior, descartado seja lá qual for o motivo, chegue ao ouvinte, causando "má impressão".
Bootleg é sim pirataria, mas desde os anos 90 deixou de ser uma preocupação para os artistas. Geralmente esse tipo de material só interessa a fanáticos ou colecionadores, daqueles que querem ter tudo de um artista, mesm que seja uma conversa de camarim ou som do artista vomitando.
O grande problema para o mercado cultural, para artistas e para as gravadoras, é a pura e simples clonagem de um CD/DVD/livro, sempre em qualidade inferior. Isso sim lesa o produtor de cultura.
Os bootlegs chegaram a preocupar as gravadoras no período entre 1985 e 1995, quando o CD ficou popular. Muitos bootlegs - a esmagadora maioria gravações de shows nunca lançados, sobras de estúdio, gravações alternativas de músicas de sucesso ou tediosos ensaios - foram produzidos em escala quase industrial em países como Itália e União Soviética (depois Rússia).
Nos dois países, a legislação a respeito de direitos autorais continha brechas que acabavam por estimular a criação e comercialização de tais produtos. Ficaram famosos no Brasil e na Argentina os "italianos" com um cachorro como "selo musical" contendo shows de artistas dos mais variados. As quantidades de cada um dos produtos eram sempre pequenas, nunca ultrapassando mil cópias.
Esse material geralmente era vendido às gravadoras piratas italianas, russas e até japonesas geralmente por intgrantes de fã-clubes ou até mesmo de equipes que faziam som nos shows, gravando muitas vezes o áudio direto da mesa.
A pirataria bootleg do tipo italiana perdeu força na segunda metade da década de 90 com o apert na legislação e fiscalização na Itália e na Rússia. A internet virou o paraíso para esse tipo de conteúdo, disseminado de graça, mas chamando a atenção somente dos fanáticos.
Os artistas detestam, pois consideram que todo bootleg não passa de material ruim, sem qualidade necessária para se tornar um produto oficial. As gravadoras idem, porque bootleg em tese canibaliza um eventual lançamento de CD ao vivo.
Alguns artistas tentam tirar vantagem do fanatismo e aderem, até certo ponto, à estratégia: The Who e Pearl Jam, por exemplo, chegaram a colocar à venda mais de 130 shows, em CD e en DVD, diretamente em seus sites oficiais. Tiveram vendas satisfatórias, mas insuficientes para justificarem tal investimento. Fizeram u=isso por apenas uma turnê e depois abandonaram a ideia.
A prática mais comum no combate aos bootlegs, mas que não passa de oportunismo barato e imoral, é a reedição de CDs ou de discografias inteiras em CD com a inclusão de "bônus" - grava~ções ao vivo ou músicas gravadas mas nunca lançadas oficialmente. Quem tem todos os discos de uma banda e é fanático acaba por comprar novamente os álbuns com as "novidades".
Seja como for, o bootleg é pirataria sim, msmo que seja considerada por muitos do "bem", já que normalmente não causa lesão financeira ou artística ao artista e muito menos às gravadoras.
O mercado tem é de combater a pirataria verdadeira, que é a clonagemgrosseira e barata de originais, essa sim lesiva em todos os sentidos. Em tempos de todo tipo de download na internet, os bootlegs são os menores problemas para artistas, produtores e empresários do meio.