Separados por um imenso oceano, aproximados pela língua e pelos laços culturais - os ancestrais e os recém-criados. Até o dia 31, artistas das áreas de dança, teatro e música do Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde e Moçambique se misturam no Rio para ver e serem vistos, discutir, ensinar e aprender. O Festival de Teatro da Língua Portuguesa (Festlip) alcança sua quarta edição tendo como desafio tentar desviar a rota dos espetáculos dos países africanos lusófonos da Europa para cá. "Na Europa há muito interesse. Mesmo assim, o que a gente recebe da África está aumentando. Já o que o Brasil manda ainda é muito pequeno. Aqui não existe foco na África", explica a produtora Tânia Pires, criadora do festival, que há sete anos viaja aos países de língua portuguesa (incluindo Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) dando aulas de teatro e se inteirando das produções relevantes de cada um. Ela já tem catalogados 800 grupos. O número de inscritos só aumenta: este ano, foram cerca de 400. Entre eles, artistas que estiveram na América do Sul."Cabo Verde deixou de ser colônia de Portugal em 1975, então os laços ainda são muito fortes. Na capital, temos dois voos diários para Lisboa; já para o Brasil, é um por semana. De lá, nos apresentamos na Europa inteira, mais do que no próprio continente africano", conta o produtor Jeffery Hessney, do grupo de teatro-dança de lá Raiz Di Polon, o homenageado desta edição. "A familiaridade com o Brasil é muito grande, pela música e as novelas, o que não é recíproco."Os 40 espetáculos do Festlip ocupam seis teatros cariocas e são gratuitos (com distribuição de senhas). O grupo Abrapalabra Creacións Escénicas, da Galícia, vem como convidado "amigo da língua portuguesa". Num palco montado na Cinelândia, estão programados shows. Oficinas dirigidas a atores e estudantes de teatro, palestras e debates também objetivam o intercâmbio entre os países. Programação em www.talu.com.br/festlip. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.