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Genebra alia arte, sexo e morte em ópera de Offenbach

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Por Redação
Atualização:

Por Jonathan Lynn GENEBRA (Reuters Life!) - Uma nova produção de "Os Contos de Hoffmann" no Grand Theatre de Genebra mistura arte, sexo e morte numa leitura incomumente niilista e sombria da ópera de Jacques Offenbach. O público conservador de ópera frequentemente se escandaliza com produções modernas que levam sexo ao palco, queixando-se de que os diretores estão impondo sua visão pessoal às obras. Mas, a julgar pelos aplausos que saudaram a estréia da ópera no domingo, o diretor francês Olivier Py mostrou que sexo e nudez podem funcionar quando se mantêm fiéis ao espírito da ópera. "Arte, sexo e morte -- é nisso que terminam obrigatoriamente todas as grandes obras", escreveu Py nas notas do programa. "Mas essa trilogia necessariamente banal é pintada em cores singulares nos 'Contos de Hoffmann' de Offenbach." O elenco forte -- encabeçado pelo tenor belga Marc Laho no papel-título -- também alimentou o entusiasmo do público. "Contos de Hoffmann" é a terceira parte da Trilogia do Diabo, um mini-festival de óperas montadas em Genebra envolvendo o diabo. No início deste mês, Py, que é diretor do teatro Odeon, em Paris, encenou novas produções de "O Franco-Atirador", de Carl Maria von Weber, e "A Danação de Fausto", de Hector Berlioz. Offenbach é conhecido sobretudo por operetas alegres como "Orfeu no Inferno", com sua célebre cena de cancã. Hoffmann queria mostrar que também era capaz de criar óperas sérias. Mas ele morreu quando "Os Contos de Hoffmann" ainda estava em fase de ensaios, e a ópera estreou em 1881, cinco meses após sua morte. Ela é baseada na obra do poeta e compositor romântico alemão E.T.A. Hoffman, cujos contos fantásticos estavam em voga na Europa no início do século 19. A ópera converte Hoffmann em protagonista de seus próprios contos, sendo eternamente ludibriado por uma figura diabólica que reaparece sob formas diferentes. Diferentemente dos contos de fada do início do romantismo alemão, as histórias fantásticas de Hoffmann têm um clima muito mais moderno, mostrando o homem em conflito com a sociedade. Ele também evoca o medo da tecnologia, algo muito próprio do século 21, como em "O Homem de Areia", história de um cientista que cria um autômato por quem o herói se apaixona. O tema foi ecoado no filme cult "Blade Runner - O Caçador de Andróides", de Ridley Scott.

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