Sobre o que fala o livro de Ricardo Lísias, recolhido por ordem de Moraes?

Livro é escrito em formato de um diário escrito por um ex-parlamentar preso que planeja escrever um livro sobre o impeachment da ex-presidente Dilma

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Foto do author Leonardo Neto
Por Leonardo Neto

Em 2017, a editora Record publicou o livro Diário da Cadeia, de Ricardo Lísias, assinado com o pseudônimo de Eduardo Cunha. O livro ganhou repercussão mais pelo processo que o ex-deputado Eduardo Cunha moveu contra a editora e o autor do que pelo seu conteúdo ou pelo seu sucesso comercial.

Livro de Ricardo Lísias é alvo da Justiça Foto: Ricardo Lisias. FOTO FERNANDA FIAMONCINI/ DIVULGAÇÃO

Essa história ganhou mais um capítulo na semana passada, quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou o recolhimento do livro.

Mas, afinal, sobre o que fala o livro de Ricardo Lísias?

Escrito no formato de diário, em primeira pessoa, o livro de ficção traz relatos e reflexões sobre a situação política da época sob a ótica de um Eduardo Cunha, que, como o deputado de mesmo nome, está encarcerado.

'Diário da Cadeia', alvo de processo, está esgotado, mas ainda pode ser encontrado em sebos Foto: Editora Record

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O Eduardo Cunha de Lísias planeja escrever um livro sobre os bastidores do processo de Impeachment da ex-presidente Dilma. O personagem da ficção usa seu diário para fazer divagações sobre diversos assuntos que vão desde crenças religiosas até a investigação que o levou à cadeia, passando pela morte de PC Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor, nos anos 1990.

Em tom que transita entre o jocoso e o delirante, o personagem da ficção busca justificar as propinas recebidas ao mesmo tempo que alerta sobre o perigo de o Brasil se tornar um país como a Venezuela e fala sobre supostas organizações secretas na África.

Diário da Cadeia é escrito propositalmente com erros de digitação, simulando não ter passado por uma revisão ortográfica antes de ir para a gráfica.

Relembre o caso

Por ocasião do lançamento de Diário da Cadeia, o ex-parlamentar, que na época estava preso, entrou na Justiça pedindo o recolhimento do livro sob a alegação que o nome na capa, igual ao seu, poderia confundir o leitor, levando a acreditar que se tratava de uma obra escrita por ele.

Ganhou na primeira instância da Justiça, que mandou recolher os exemplares em 2020. A decisão, no entanto, foi reformada em segunda instância e o assunto foi parar no Supremo Tribunal Federal.

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No último dia 16, Alexandre de Moraes decidiu reformar a decisão de primeira instância e determinar o recolhimento do livro e a retirada, do site da editora, de qualquer ligação ao nome do ex-deputado, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. A Record deverá ainda dar direito de resposta a Cunha em sua página na internet e os réus (o autor, a editora Record e diretor editorial do Grupo Record na época, Carlos Andreazza) devem pagar indenização de R$ 30 mil a Cunha.

Na última terça-feira, 21, Lísias informou que vai recorrer da decisão de Moraes.

Nota dos advogados de Ricardo Lísias Foto: Reprodução

Quantos exemplares de ‘Diário da Cadeira’ foram vendidos?

De acordo com a Nielsen, instituto de pesquisa que acompanha a venda de livros no varejo nacional, foram vendidas pouco mais de duas mil cópias do livro em oito anos, de 2017 até agora. Isso dá uma média de 285 livros por ano.

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