Não tenho visto muita coisa na Mostra. Um ou dois filmes por dia, não mais. Não revi nada de Cannes nem Berlim. Mas o fato de não estar indo tanto aos cinemas não significa que não esteja 100% voltado para o evento. Tenho feito muitas entrevistas, e há sempre tantas matéria para redigir. A 35ª Mostra tem me proporcionado belos encontros. Com Frances, a viúva de Elia Kazan; Jan Harlan, o cunhado de Stanley Kubrick; e com Atom Egoyan e Anna Sawka. Ela dirige um documentário do qual gostei bastante, 'Beyond Iconic'. A célebre foto que Dennis Stock tirou de James Dean - o astro de sobretudo, encolhido e avançando, cigarro na boca, pelo asfalto molhado - é o ponto de partida para uma discussão sobre a arte da fotografia e mais. Sobre a arte, tout court. Sobre a manipulação da imagem. Sobre a ética. 'Beyond Iconic' é programa obrigatório para fotógrafos, e não apenas para eles. O filme será que fica entre os selecionados pelo público para concorrer ao troféu Bandeira Paulista? 'Marcelo Yuka no Caminho das Setas', de Daniela Broitman, que foi minha colega no 'Estadão', pode concorrer? Afinal, é o terceiro longa de Daniela, o segundo sozinha. E, se pode, terá sido selecionado? O filme é bom, ganhou o Redentor de montagem no Rio. Jordana Berg trabalha com Eduardo Coutinho. Em princípio, teria dado o prêmio para Vânia Debs, por seu trabalho de síntese em 'Marighella', de Isa Grinspum Ferraz, mas a própria Daniela, num breve encontro no Arteplex, me convenceu da sofisticação e das dificuldades do trabalho de montagem da Jordana. 'Marcelo Yuka' ainda terá sessões hoje e segunda. Vejam.
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