PARIS - Cá estou, mais uma vez, nessa cidade que me encanta. Pode parecer... O quê? Mas a verdade é que me sinto muito bem aqui. Mesmo estando só eu me sinto feliz/cantando a canção que embala Paris... É uma canção antiga, dos anos 1950, que devo ter ouvido em algum musical da Atlântida. Cheguei e já fui emendando os filmes - L' Enfer de la Ville/Inferno na Cidade, de Renato Casatellani, em que Giulietta Masina toma lições de criminalidade com Anna Magnani numa cadeia feminima, e Venez Donc Prende le Café Chez Nous/Venha Tomar Um Café Conosco, de Alberto Lattuada, com Ugo Tognazzi - substituindo Marcello Mastroianni, que era a escolha original do diretor - como um aproveitador que se instala na casa de três solteironas para lhes aplicar um golpe, mas elas é que o exaurem na cama. Estou no Quartier Latin, comi, dei uma volta pelo Sena - está frio, mas não demais - e terminei em dúvida quanto ao terceiro programa. Pensei em Ver L'Homme Fidèle, de e com Louis Garrel, mas optei pelo documentário Fahavalo, de Marie Clémence Adriamonta-Paes, que Amir Labaki poderia levar para o É Tudo Verdade. Na 2.ª Guerra, o Exército francês de resistência - De Gaulle - convocou recrutas da colônia de Madagascar, para combater o nazismo. Tendo conhecido o mundo, a luta contra o totalitarismo, os sobreviventes reivindicaram liberdade em seu país e foram massacrados. Tantas histórias que a gente desconhece. Estou muito animado porque o Écoles 21, cinema de arte/ensaio das Rue des Écoles, aqui perto, exibe o ciclo Sweet Sixties e eu vou poder ver, amanhã e depois, versões restauradas de America,America/Terra do Sonho Distante, de Elia Kazan, e de A Noite do Iguana, que John Huston adaptou de Tennessee Williams, com Richard Burton, Ava Gardner, Deborah Kerr e a Lolita de Stanley Kubrick, Sue Lyon. Há tempos queria (re)ver esse filme. Onde mais poderia fazê-lo, senão aqui em Paris?