O filme começa com um contador de histórias, um vagabundo que passa seus dias no Correio, entretendo usuários entediados. Busu é vivido pelo chileno Alfredo Castro (de Tony Manero e Post Mortem, ambos de Pablo Larraín). Ele fala de muitas coisas. Mas o assunto favorito é a família Ciraulo. Através dele conhecemos Nicola Ciraulo, a mulher, os filhos, a nonna (avó) e o avô, este já meio fora do ar. Os Ciraulo eram sicilianos como tantos outros, vivendo numa pobreza que ainda não era miséria, mas já entrevia dias piores.
Como desgraça pouca é bobagem, um dia a filha menor, Serenella, é atingida e morta por uma bala perdida num conflito entre bandidos. A dor cede à esperança de receber uma bolada que o governo oferece às famílias de vítimas da máfia. Dinheiro traz felicidade? Sabe-se que não. Pode trazer segurança. Ou mais infortúnio, caso a opção seja comprar um carro de luxo em busca de status, como faz o infeliz Nicola Ciraulo. "O filme pode funcionar como metáfora da nossa época consumista, em que o importante é possuir as coisas até ser destruído por elas", diz Cìpri.