A moda no Brasil sempre teve destaque, principalmente com o surgimento das semanas de moda que mostraram ao mundo a criatividade e irreverência dos estilistas brasileiros. Agora, para que os brasileiros conheçam e se aproximem dessa história, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) e o Museu de Arte de São Paulo idealizaram o primeiro Instituto de Moda do País. Programado para ser inaugurado no segundo semestre deste ano, o Instituto ocupará a histórica Galeria Prestes Maia, que está sendo inteiramente reformada. "É um local charmoso, com bastante glamour e que é ideal para as instalações", comenta o presidente da ABIT Paulo Skaf. Além das instalações da Galeria, o projeto deve abranger também outros espaços públicos, como a Praça Patriarca e o Vale do Anhangabaú. A idéia é, que no futuro, estes espaços sejam utilizados para eventos de divulgação da moda brasileira, como desfiles e exposições. O objetivo do Instituto da Moda, segundo Skaf, é reunir os muitos acervos espalhados pelo País e promover a recuperação da história da moda. "Estamos criando um centro que pense na moda de forma permanente", disse. "A moda é mas ampla do que as pessoas freqüentemente pensam. É muito mais do que se vê em um desfile. Há por trás uma grande indústria, muita tecnologia. A moda está em todo lugar." O Instituto abrigará três áreas inéditas: uma biblioteca, um museu e um centro de cursos de especialização. O Museu da Moda Brasileiro terá um acervo em grande parte proveniente do Masp - serão transferidas mais de 100 peças de vestuário da década de 70 - além de livros e peças da Casa Rhodia e da editora Abril. "Mas o acervo nunca é permanente", adianta o consultor de projetos especiais da ABIT Carlos Ferreirinha, articulador da negociação entre ABIT e Masp. "São duas importantes entidades, por isso gosto de dizer que as possibilidades são intermináveis." Eunice Sophia, coordenadora do acervo do Masp, conta que a maior parte das peças transferidas fazem parte de uma coleção apresentada em 1972 em um desfile no museu. Há vestidos, túnicas, capas e chapéus criados por renomados artistas, como Aldemir Martins, Hercules Barsotti, Ivan Serpa, Genaro de Carvalho, Denner e Manabu Mabe. "São todas peças importantíssimas para a história da moda. Aquele foi um grande desfile." Os cursos de especialização ministrados no Instituto, segundo Skaf, vêm para suprir uma demanda que cresceu muitos nos últimos anos. "Se já temos poucas escolas, não tínhamos nenhuma especializada em pós-graduação e MBA", explica. "A idéia é atingirmos duas frentes de formação profissional. Além da especialização, faremos um trabalho social em parceria com a prefeitura para a formação de mão de obra básica", adianta Ferreirinha. Paulo Skaf conta que sentia a necessidade de abrir um espaço como este há muito tempo, tendo considerado até mesmo fazê-lo na sede da ABIT. "Mas foi bom esperarmos. Tudo tem o seu momento. Agora, com esta parceria com o Masp, tudo poderá ser feito de uma maneira mais profissional." Das primeiras conversas até o início das obras foram sete meses e, este ano, segundo o presidente da ABIT, será a fase de captação de recursos. O investimento inicial será de R$ 6 milhões, mas grande parte desse valor depende da captação de recursos através da Lei Rouanet. A Prefeitura de São Paulo, de acordo com Skaff, investiu R$ 500 mil.