Uma mostra da riqueza do mobiliário moderno brasileiro pode ser vista a partir desta noite na Galeria de Arte do BNDES, no Rio. Com 65 trabalhos assinados por mestres como Joaquim Tenreiro, Zanine Caldas, Sergio Rodrigues, Geraldo de Barros, Lina Bo Bardi e Oscar Niemeyer, a mostra procura traçar um resumo da diversidade do design brasileiro entre as décadas de 40 e 70, mostrando como resgate de materiais e procedimentos locais se associam ao desenvolvimento de desenhos arrojados e em sintonia com a nascente arquitetura modernista. Um exemplo claro dessa relação entre tradição é inovação é a cadeira de balanço criada por Niemeyer e sua filha Anna Maria, que combinada as arrojadas linhas curvas de sua arquitetura a materiais tradicionais do móvel nacional, como a madeira e o assento de palhinha. Essa peça é uma das mais recentes da exposição, que tem início com a Poltrona Leve, de Joaquim Tenreiro - certamente um dos mais férteis artesãos do mobiliário brasileiro. Ele próprio considerava essa peça - feita em 1942 e que preserva a elegância e leveza que caracterizam seu trabalho - sua primeira criação moderna. A mostra reúne ícones como a Poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, ou a Cadeira Bowl, criada em 1954 por Lina Bo Bardi. Com curadoria da pesquisadora Sandra Spritzer, essa exposição tem outros méritos além de exibir belos exemplares da mobília brasileira. A presença dessa seleção no espaço da instituição destinada a fomentar o desenvolvimento nacional acaba por colocar em evidência que a riqueza do design nacional manteve-se sempre restrita a uma produção artesanal e restrita, jamais conseguindo despertar o interesse da indústria local.
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