O novo secretário municipal de Cultura, Emanoel Araújo, teve na segunda-feira sua primeira reunião com artistas do Theatro Municipal. Membros dos corpos estáveis, eles encerraram 2004 fazendo protesto pelo pagamento de salários atrasados e entraram em 2005 sem contratos, o que gera indefinição quanto à programação: sem a renovação dos contratos, o teatro perde cerca de 2/3 de seus artistas. Os músicos pediram ao secretário uma solução para os vínculos de trabalho entre os artistas e a Prefeitura. Eles querem uma alternativa aos contratos de prestadores de serviços. "É uma situação antiga e que nos dá muita fragilidade, não temos direitos trabalhistas e ainda passamos por esses constrangimentos com relação ao pagamentos dos salários", disse ao Estado Hugo Ksenhuk, presidente da Associação dos Músicos da Sinfônica Municipal. Os artistas saíram da reunião com o secretário com o objetivo de preparar relatórios sobre a situação dos corpos estáveis (orquestra, balé, dois corais, quarteto da de cordas), incluindo desde o número de habitantes beneficiados pelo teatro até as reivindicações a respeito das condições de trabalho. E, apesar de questões específicas de cada corpo estável , uma questão se impõe, segundo os músicos, como fundamental. "Nossos contratos não foram renovados para o ano de 2005 pela gestão que ora se finda, contrariando prática adotada por mais de 16 anos ininterruptos. A não renovação desses contratos nos deixa em um compasso de espera angustiante", diz um manifesto divulgado pelos músicos no fim de dezembro, quando a secretaria informou que a renovação não poderia ser feita devido a Lei de Responsabilidade Fiscal. "Há uma série de problemas, mas todos estão ligados à questão do vínculo empregatício. E a falta de um projeto definido para essa questão nos preocupa", diz Fernando Gazzoni, representante dos cantores do Coral Lírico Municipal, no qual 78 dos 97 cantores trabalham como prestadores de serviços. No Coral Paulistano, são 39 de um total de 44. Na orquestra, 2/3 dos músicos. E no Balé da Cidade, todos os bailarinos. Ao todo, são 236 artistas, que custam aos cofres públicos R$ 1,03 milhão por mês. O secretário Emanoel Araújo confirmou que se encontrou com os músicos, mas, segundo ele, ainda "não houve tempo de transição" entre ele e o ex-secretário Celso Frateschi. "Estou me dando um prazo, até o fim de janeiro, para começar a tomar algumas decisões pontuais. Algumas pessoas vão ser trocadas, outras devem ficar. Mas não posso ter pressa, precisamos ver com cuidado como vamos seguir adiante." Com relação especificamente ao Municipal, o secretário informou que, antes de mais nada, deve se reunir com a diretora Lúcia Camargo, "assim que possível".