As músicas que vão fazer você amar o som da guitarra no jazz

14 músicos e escritores foram convidados pelo ‘NYT’ para escolher músicas que eles tocariam para ajudar um novato a se apaixonar pelo gênero

PUBLICIDADE

Por Giovanni Russonello (The New York Times)

Se você voltar [no tempo], fica difícil distinguir entre os gêneros. Há quase um século, ainda não estava totalmente claro o que era jazz e o que era blues, ou o que estava se tornando R&B e o que logo se transformaria em rock ‘n’ roll. E a guitarra estava quase no centro de todos eles.

Ouça o trabalho de dedilhado rápido e balançante de Lonnie Johnson ou Teddy Bunn, tocando em linhas de notas únicas, e você ouvirá a história do jazz sendo feita - embora sua música seja geralmente lembrada como blues ou R&B inicial.

À medida que os conjuntos de jazz cresciam, as seis cordas da guitarra às vezes tinham dificuldade de se encaixar. Mas se a guitarra nem sempre foi uma protagonista no jazz, os melhores guitarristas geralmente tiveram tanto o desafio quanto a vantagem de ter que definir suas próprias relações com o gênero.

Publicidade

Pat Metheny Band, referência do jazz guitar, se apresentando em São Paulo em 2013 Foto: José Patricio / Estadão

PUBLICIDADE

Em meio à revolução do bebop, um jovem Charlie Christian irrompeu em sessões de jam no Harlem com uma das primeiras guitarras elétricas da música, com habilidades únicas. Django Reinhardt, um guitarrista cigano, inventou talvez o primeiro gênero de jazz original da Europa, trabalhando com apenas três dedos em sua mão esquerda. Nos anos 1950, guitarristas de hard-bop como Grant Green e Kenny Burrell ajudaram a reafirmar o papel do blues no núcleo do jazz. Na era do fusion jazz-rock, John McLaughlin, Pete Cosey e outros usaram seis cordas para buscar algo como uma libertação espiritual através da corrente de som eletrificado.

Pedimos a 14 músicos e escritores para nomear as músicas que eles tocariam para ajudar um recém-chegado ao gênero a se apaixonar pelo som da guitarra no jazz. Confira:

Apresentação do guitarrista John McLaughlin no segundo dia do Tim Festival 2005, no centro do Rio de Janeiro Foto: Wilton Junior/Estadão

‘Swing To Bop’ - Charlie Christian

  • Escolhida por Ben Ratliff, ex-jornalista do New York Times

A importância de Charlie Christian para a linhagem inicial da guitarra no jazz é um fato consolidado, mas tudo sobre a sua obra póstuma, intitulada Swing To Bop, permanece não decifrado. É uma peça de força vital de uma jam session, no Minton’s Playhouse em Harlem, em maio de 1941. É uma gravação amadora, um bootleg inicial; tem sido um item de mercados paralelos desde seu primeiro lançamento ilegal nos anos 50. Christian intercala e resolve seus fluxos de colcheias sobre uma seção rítmica, alterando ênfases rítmicas, ouvindo pelo menos quatro compassos no futuro. Ele fraseia como ficção modernista: sentenças superlongas de sintaxe difícil são seguidas por uma bem simples, com repetição provocativa; na ponte de cada estrofe, ele explode através das implicações da harmonia em movimento, ao mesmo tempo que segue as deixas do baterista Kenny Clarke. Bop — essa palavra no título — ainda não existia propriamente dito em 1941. (A melodia é na verdade Topsy, gravada por seu empregador na época, Benny Goodman.) A prática de tocar guitarra elétrica em padrões de notas únicas, como um instrumento de sopro, mal existia também. Christian tinha 24 anos e logo estaria morto por tuberculose. Não havia um nome para o que ele estava fazendo aqui, e não há um nome para a maneira como a música dele pode fazer você se sentir.

Publicidade

‘It Ain’t Necessarily So’ - Grant Green

  • Escolhida por Miles Okazaki, guitarrista

Gravando em uma fria noite de janeiro em Nova Jersey, em 1962, essa banda acende uma fogueira e alimenta as chamas por mais de 10 minutos. Nas mãos de Grant Green, a guitarra canta, grita e balança alegremente através de uma épica improvisação de 18 refrões. Após uma rápida interpretação da melodia de Gershwin, Green se lança ao solo, mostrando como ele é o mestre em usar um tom cru e com alma para fazer muito com pouco. Uma exclamação alguns minutos após o início deixa você saber que as coisas vão esquentar, assim como o incansável shuffle de Art Blakey. A magia para mim aqui está na dinâmica entre a guitarra e a bateria. O puxa e empurra é irresistível — bata o pé ou se arrependa. Três minutos e meio depois, Green desencadeia um de seus loops repetitivos característicos, como se dissesse, “já captei sua atenção?”. Após aterrissar graciosamente e parecer estar diminuindo o ritmo com alguns passos gaguejantes, Blakey grita “Vai!”, incentivando-o a seguir por mais quatro rodadas. Esta é o oposto de uma música pretensiosa — é do coração e da terra, e se você se entregar ao groove, é impossível não se emocionar.

‘Bright Size Life’ - Pat Metheny

  • Escolhida por Vernon Reid, guitarrista

Escolhi a faixa-título do álbum de estreia de Pat Metheny, lançado em 1976, o ano em que me formei na Brooklyn Technical High School, como uma faixa introdutória para qualquer ouvinte interessado em conhecer o jazz guitar. De muitas formas, a abertura propulsiva da canção e sua verve otimista serviram como uma expansão das minhas definições incipientes do que eu considerava ser o jazz guitar. Eu já era fã da Mahavishnu Orchestra de John McLaughlin e tinha sido recentemente exposto tanto a Wes Montgomery quanto a Sonny Sharrock. Bright Size Life foi um belo choque.

Publicidade

‘Black Woman’ - Sonny Sharrock

PUBLICIDADE

  • Escolhida por Harmony Holiday, poeta

Há uma súbita tendência na ciência popular afirmando que murmurar para si mesmo é bom para a alma e tem efeitos positivos quantificáveis no sistema nervoso, acalmando a ansiedade sempre presente que muitos sofrem. Talvez a música improvisada negra tenha antecipado a prevalência dessa ansiedade assustadora e, como remédio, ofereceu o êxtase do vocal sem palavras, cantado, murmurado ou gritado. Em 1960, foi lançado Freedom Now! Suite de Max Roach, apresentando uma faixa que exigiu de sua então esposa, a vocalista de jazz Abbey Lincoln, gritar por quase oito minutos, eventualmente reunindo o que se tornou gritos intermitentes exaustos em um ápice de gemidos. Nove anos depois, Sonny Sharrock lançaria a música Black Woman, a faixa-título de um álbum, que apresentava sua então esposa, Linda Sharrock, gemendo sem palavras, às vezes subvocalmente, enquanto ele tocava uma guitarra arrastada e em disparada que se reunia e cambaleava ao redor de sua voz sem intervir em seu caminho de seis minutos de capricho exploratório para o que parece tonalmente como revulsão e dissociação, a angústia de alguém sendo levado para o fundo do pesadelo do subconsciente contra sua vontade, mas compelida ou auto-hipnotizada a continuar.

Sonny queria inventar um som de guitarra jazz que parecesse com Pharoah Sanders e Albert Ayler tonalmente; texturalmente, ele queria usar a guitarra para se sobrepor, quase como um aviso de sua presença entre trompetes, piano e bateria. O resultado é confrontador de uma maneira deliciosa. Linda lamenta, Sonny amplifica e testemunha-a em um tom reverente, um eco inclinado. Milford Graves, na bateria, mantém o pulso deles e ajuda a soltar as tensões. O metrônomo murmurado vem depois; seu lugar na lenda urbana da cura, muito depois disso. A guitarra de Sonny Sharrock é uma escadaria descendente entre eles, com nossos nervos expostos entorpecidos e intensificados pelos gritos que desencadeiam.

‘Gibson Boy’ - Tal Farlow

  • Escolhida por Kurt Rosenwinkel, guitarrista

O grande Tal Farlow. Aqui está uma faixa que tem tudo que você quer: groove, empolgação, invenção, som, diversão e swing. E nós conseguimos dois grandes guitarristas de jazz pelo preço de um — o muito inventivo, melódico e virtuoso Farlow, com seu tom caloroso e toque rítmico, e também o maravilhoso acompanhamento completo de Barry Galbraith. A música tem o título apropriadamente escolhido para todos nós, amantes da guitarra: Gibson Boy. A melodia dupla harmonizada é instantaneamente relacionável com seu ritmo acelerado e atitude brincalhona. A estética das guitarras duelando pode trazer à mente momentos igualmente prazerosos na história do rock — Hotel California, por exemplo. Quem sabe Tal e Barry até estivessem tocando juntos, lado a lado. O jazz, quando é do melhor, é sempre acessível para qualquer verdadeiro apreciador de música, e esta faixa é um ótimo exemplo disso!

‘Work Song’ - Nat Adderley (feat. Wes Montgomery)

  • Escolhida por James Blood Ulmer, guitarrista e vocalista

Para mim, não é o que Wes Montgomery tocava na guitarra, mas como ele tocava. O que ele tocava era pessoal, mas a maneira como tocava... — isso é que era tão especial para mim. O tipo de música que ele tocava não era o tipo de música que eu tocaria; a música dele não era blues pesado ou algo assim. Mas tinha seu próprio estilo — o estilo Wes Montgomery. A maneira como ele fazia solos, depois de tocar a melodia, essa era sua arma. Quando ele começou a tocar partes dos seus solos em oitavas na guitarra, isso era realmente diferente. Se você ouvisse o som do que ele estava fazendo, tinha que partir daí.

Ele tocava a guitarra naturalmente, sem usar palheta. Quando é seu dedo e seu polegar que fazem isso, você tem algo que é mais ou menos eterno. Quando você toca com a mão, isso te dá muito mais conforto do que ter que comprar uma nova palheta a cada poucos dias. Quando eu ouvi Wes Montgomery e soube que ele não tocava com palheta, eu joguei fora todas as minhas palhetas. Eu sabia que queria essa liberdade, de tocar com a mão. Eu gostei dessa ideia, então comecei a tentar, e funcionou.

Publicidade

‘Emergency’ - The Tony Williams Lifetime (feat. John McLaughlin)

  • Escolhida por Evan Haga, jornalista de música

No ápice, a guitarra jazz-rock entrega os elementos mais estimulantes de algumas revoluções musicais em um golpe impactante — o choque do novo, composto. Esta faixa de abertura do álbum de estreia do Tony Williams Lifetime em 1969, com Williams na bateria, Larry Young no órgão e o deus britânico da guitarra John McLaughlin, invoca alguns dos meus marcos musicais-culturais favoritos. Eu ouço nela os anos de inovação do bebop, quando a velocidade avassaladora e a maestria agressiva se tornaram uma ética para os jovens músicos de jazz; a era psicodélica, quando a tecnologia expressiva tornou os sons do rock uma faceta musical tão vital quanto a melodia; e vários ápices da vanguarda, incluindo o fervor espiritual de John Coltrane e a agitação pulsante dos grupos de Ornette Coleman. Emergency pertence à época que produziu os primeiros trabalhos de fusão de Miles Davis, com contribuições desses três músicos, e Davis apreciava a execução de McLaughlin a ponto de prestar-lhe homenagem. Mas Emergency oferece sua própria química e fúria. McLaughlin conquistou uma reputação como um dos guitarristas mais influentes de qualquer idioma, em parte através de uma espécie de virtuosismo elétrico implacável que você poderia chamar de beleza feia. Tenho ouvido este disco há décadas agora, e ele nunca falha em me assustar e surpreender. Toda vez que o ouço, me sinto como uma criança deparando com um Jackson Pollock em uma excursão escolar, e eu adoro isso.

‘It’s Only a Flesh Wound’ - Michael Gregory Jackson

  • Escolhida por Brandon Ross, guitarrista

Esta faixa de Michael Gregory Jackson, do álbum Cowboys, Cartoons e Assorted Candy, pela gravadora Enja, é executada solo em violão acústico e possui uma forma elíptica de “blues/canção” — aberta e concreta, enraizada e arranjada, simultaneamente solta, fraturada e muito Afro-Americana. Uma coisa que eu amo na forma de tocar do Michael é a sua centralidade. Eu sempre escuto melodia e canção, não importa o contexto em que ele está tocando. Até que um ouvinte possa discernir esse fato sobre Michael, pode parecer (dependendo de qual de seus trabalhos se escute) completamente não relacionado à “canção”. Uma vez aclimatado, no entanto, todas as noções de tocar “livremente” como uma referência estilística recuam, e a percepção mais verdadeira de sua execução — “livremente” — acende uma consciência iluminadora e inspiradora de possibilidades anteriormente não vislumbradas. It’s Only a Flesh Wound dança, canta, arde e espirala no vernáculo do bop, blues do Delta, à la blues urbano, e algo que é puramente do Michael. Algo sereno e pastoral, até idílico — ressoando no coração e na imaginação.

Publicidade

Ornette Coleman uma vez me disse, “Se você conseguisse subir até o telhado, e começar a tocar de lá, isso seria importante, não seria?” Michael subiu por esse caminho no início, e passou pela placa de “Não Entre”. É isso que eu diria a um “novato”. E então eu tocaria a faixa para eles novamente.

‘Where or When’ - Johnny Smith

  • Escolhida por Mary Halvorson, guitarrista

Descobri Johnny Smith, um dos guitarristas de jazz mais subestimados, mais tarde na vida, e não conseguia acreditar no que tinha perdido. Where or When, do seu clássico álbum de 1956 Moonlight in Vermont, é um ótimo ponto de partida. Escute a clareza do tom em seu solo perfeito de 20 compassos aqui. Smith mistura sem esforço virtuosismo angular com melodismo suave: não é fácil fazer isso, mas ele consegue de maneira muito natural. A combinação de tocar tanto do lado externo quanto interno soa tanto clássica quanto moderna, quase como se ele viajasse do futuro para 1956 para se juntar a Stan Getz nesta gravação. Seus solos de guitarra sempre me impressionam, mas não ignore seus acordes em cluster que soam como sinos, que revelam uma afinidade com o piano. (Para mais de sua execução de acordes, confira seu álbum solo de 1962 The Man With the Blue Guitar) A musicalidade e profundidade da execução de Smith são uma ótima ilustração do poder e beleza da guitarra no jazz.

‘Young One, for Debra’ - Jim Hall

  • Escolhida por Steve Cardenas, guitarrista

Publicidade

A faixa que escolhi apresenta o guitarrista Jim Hall, que era bem conhecido por seu melodismo e belo som, além de ser um improvisador aventureiro. A música recomendada aqui é Young One, for Debra, de Jim Hall, em sua gravação em trio It’s Nice to Be With You de 1969. É um dueto para guitarra, com Jim tendo se sobreposto. A música é uma bela valsa que engloba muito da estética de Jim: uma composição maravilhosa, improvisação imaginativa e conversacional, som incrível. Ele te convida para entrar na sala e ouvir. Há uma direção na música de Jim, uma solidez que parece evidente desde a primeira nota.

‘Emily’ - Ben Monder

  • Escolhida por Giovanni Russonello, crítico musical

Cada instrumento te dá o presente de suas próprias limitações. Harmonicamente, a guitarra te concede, no máximo, seis notas, numa mistura de cordas grossas enroladas (as mais baixas) e de aço puro (as mais altas). A questão é o quanto você pode fazer com quatro dedos e, se for um maestro, um polegar, o que é parcialmente uma questão da relação da sua criatividade com o tempo. Ben Monder usa toda sua mão esquerda para se espalhar pelo braço da guitarra, e o resultado às vezes pode parecer como uma fuga do tempo linear. Tecendo seus acordes de maneira insana, ele encontra dissonâncias raras e enterra surpresas em notas únicas que você não costumaria ouvir em vozes de jazz. Ele tem uma destreza inacreditável com contraponto — então, uma consciência duplamente rápida de seu lugar no tempo musical — a ponto de, em sua versão do padrão de jazz Emily, ele quase canaliza os grandes do solo de piano no jazz (pense em Earl Hines), ou os antigos guitarristas de ragtime, ou Bach, a caminho de um remanejamento radicalmente harmonizado, puxando a orelha com um carretel de linhas duelando ao redor da melodia clássica da música. É Barroco por meio do modernismo dodecafônico. E qual é o principal objetivo de ouvir essa selvagem interpretação solo de guitarra em um velho padrão? O ponto é que Monder tem um profundo senso de surrealismo e narrativa misturados, uma maneira de se expressar através da guitarra que, como James Blood Ulmer diz sobre Wes Montgomery, prova que ele tem sua própria compreensão do mundo. Quando você ouve o que ele está fazendo, você tem que “partir daí”.

‘Don’t Forget’ - Pat Metheny and Jim Hall

  • Escolhida por Camila Meza, guitarrista e vocalista

Publicidade

Dois dos maiores guitarristas e inovadores do nosso tempo; o fato de termos ambos em uma única gravação é um verdadeiro presente. Este álbum inteiro é incrível, mas essa balada, uma composição de Pat Metheny, encerra tantas coisas que admiro neles e a razão pela qual me apaixonei pela guitarra jazz em primeiro lugar. É uma bela colaboração entre duas gerações (Pat cita Jim como uma de suas maiores influências) — e é muito divertido testemunhar essa linhagem. Ambos fazem a guitarra cantar, cada nota tem intenção e significado, ambos os timbres de guitarra são requintados e semelhantes em sua plenitude, mas altamente individuais. Eles servem à música — não é apenas um veículo para mostrarem o que podem fazer. Uma vez li Jim Hall dizer, “Gosto de fazer algum tipo de composição acontecer enquanto estou tocando. Isso envolve o desenvolvimento de motivos ... Eu também amo melodias.” Intrinsecamente, ambos são contadores de histórias natos. O cuidado e a atenção que dedicam a cada movimento, a gama dinâmica entre uma nota e a próxima, o uso do espaço e dos ornamentos e seu profundo entendimento harmônico, servem à comunicação entre eles, o que tudo faz pela maior música.

‘Danny Boy’ - Ted Greene, e ‘Sleepwalk’ - Danny Gatton

  • Escolhida por Wendy Eisenberg, guitarrista

Suspeito que a maioria dos guitarristas de jazz comece sua jornada musical em territórios que não são estritamente jazz. Em vez disso, se movem em direção a ele, seduzidos pelo mistério complexo das linguagens harmônicas e rítmicas do gênero. Nesse espírito, escolhi destacar dois tocadores de Telecaster — Danny Gatton e Ted Greene. Embora seus sons sejam bem diferentes, acredito que a abordagem deles ao jazz na guitarra levanta a mesma questão: como você pode tocar a guitarra de maneira tão completa que ela transcenda a si mesma — tanto como um instrumento de jazz quanto uma guitarra?

A versão de Greene de Danny Boy é surpreendente. Seu toque é tão cuidadoso que as harmônicas da introdução soam uma articulação da sombra da guitarra, ou a auréola que ele vê ao redor dela. Há uma longa tradição de guitarristas solo perfeitos — George Van Eps, Lenny Breau, Baden Powell, Derek Bailey — mas poucos se comprometeram tão completamente em traduzir a harmonia clássica ocidental para a guitarra elétrica. O luxuoso final evolui para algo semelhante ao tema de Twin Peaks, e então, absurdamente, recebemos uma volta vitoriosa de um Yankee Doodle harmonizado. Aprender o vocabulário de acordes de Greene neste disco, viver em seu contraponto perfeito, é uma constante inspiração para mim.

Publicidade

Agora, quanto ao rapaz Danny. Este vídeo de Danny Gatton encapsula o que mais amo na guitarra jazz como disciplina: seu estranho equilíbrio entre hermetismo e extroversão, entre o impossível e o trivial. Ele toca como um virtuoso, mas nunca de maneira esnobe, apresentando a Telecaster como um registro semiótico da música ocidental (enquanto Greene toca a Telecaster como uma varinha mágica, quase sem referências). Nunca ouvi ninguém tocar algo como Gatton, mas ouço tantas histórias musicais em sua execução. Ele não é limitado por nenhum ditado do que “jazz” ou “guitarra” deveriam ser, mas mistura inteiramente vocabulários de cada prática. O resultado é sublime, como música de bar ouvida no sonho mais legal de alguém.

‘Milton’ - Gilad Hekselman

  • Escolhida por Joel Harrison, guitarrista

Uma tarefa difícil, esta. “Jazz Guitar” em 2025 pode significar muitas coisas. Seria fácil escolher algo de um grande mestre como Wes Montgomery, George Benson ou Pat Metheny, todos os quais mudaram minha vida em tenra idade. Mas, no meu papel à frente do Alternative Guitar Summit, sinto-me inclinado a selecionar um músico mais jovem. Gilad Hekselman é uma nova voz importante na guitarra jazz, e aqui demonstra um som lindo, técnica enorme, ótimo feeling e lirismo inequívoco. Quando ele toca, sempre soa bonito. Esta faixa é dedicada ao amado cantor brasileiro Milton Nascimento e oferece uma versão deliciosa de um groove que o próprio Nascimento usou. A peça tem uma melodia cantante que me faz sorrir. Gilad leva seu tempo no solo, ele conta uma história, distribuindo frase após frase encantadora. Há uma interação animada com Rick Rosato no baixo e Jonathan Pinson na bateria. Eu acho que esta peça poderia amenizar até os climas mais pesados.

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.