A cada edição o festival Todos os Cantos do Mundo, que começa hoje no Sesc Pompéia, vem se firmando como um dos mais importantes do gênero. Com alcance e credibilidade internacionais, o evento já trouxe mais de 20 grupos e solistas da África, Ásia, Estados Unidos e Europa. Em intercâmbio com os brasileiros, eles procuram transcender a barreira dos idiomas e dos estilos musicais em encontros que resultam em belas fusões. Foi o caso do africano Lokua Kanza, que voltou outras vezes ao Brasil depois de revelado no festival e compôs músicas em parceria com Vanessa da Mata. Um dos aspectos mais importantes do festival é trazer artistas que nunca estiveram no país. A programação desta quinta edição reúne os franceses do Paris Combo com a paulistana Virgínia Rosa, o jamaicano Stanley Beckford com o paraibano Chico César, a palestina Amal Murkus com a carioca Nana Caymmi e a tibetana Yungchen Lhamo com a mineira Ceumar. Aparentemente, os estilos parecem inconciliáveis, mas há sutis ligações entre eles. "Ceumar e Yungchen têm delicadeza e espiritualidade no ato de cantar. No trabalho de Virginia e do Paris Combo a teatralidade é o ponto comum. Stanley e Chico estão ligados pelas raízes africanas. Nana e Amal trazem o lamento na voz", explica a cantora Fortuna, diretora artística do evento. Entre outras funções, Fortuna é responsável pela seleção do elenco, em parceria com a equipe do Sesc. A negociação por vezes é complicada, como no caso da cantora tibetana que custou a ceder os direitos de imagem para as gravações em vídeo do evento. "Ela disse que só o dalai lama teria direito a suas imagens", conta Fortuna. Outro episódio curioso é o de Stanley, que está na casa dos 80 anos, como os integrantes da banda que o acompanha. O contrato dizia que havia um quarto para cada dois músicos. "O empresário da banda me ligou apavorado, pedindo que os separássemos, porque eles são todos velhinhos e brigam muito", diz Fortuna. Entrar em contato com eles, assim como com a tibetana, é tão difícil quanto compreender sua língua. O festival não se limita ao palco. As gravadoras MCD e Putumayo (leia ao lado), especializadas em world music, terão estandes montados no hall do teatro. Além disso, o festival conta agora com um site (www.sescsp.org.br/sesc/hotsites/todososcantos/) criado por André Valias.