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Guerra contra a pirataria vai ganhar as ruas

Com campanhas publicitárias e pressões sobre o governo, os diversos segmentos da indústria lançam-se no combate ao comércio de produtos clonados

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Por Agencia Estado
Atualização:

Está deflagrada a maior ofensiva contra a pirataria já vista desde 1995, quando o lucro dos camelôs começou a se tornar uma preocupação para os grandes empresários. Na manhã de ontem, oito associações representantes dos produtos clonados mais vendidos nas barracas anunciaram como é que pretendem reagir aos falsificadores. É a primeira vez que eles se unem para uma estratégia em conjunto. Uma campanha de marketing com o título "Produto Pirata - A Vítima é Sempre Você" passará a ser veiculada em jornais, revistas e emissoras de televisão a partir do próximo dia 15. As associações que fazem parte do grupo são: Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Associação Brasileira das Telecomunicações por Assinatura (ABTA), Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPA), Associação Brasileira dos Produtores de Software (Abes), Business Software Alliance (BSA), Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), Motion Picture Association (MPA) e Associação Brasileira do Vestuário (Abravest). As companhias de discos estão no topo da lista das empresas que mais perdem dinheiro para a falsificação. No ranking mundial dos maiores clonadores de CDs, o Brasil, que perdeu US$ 300 milhões para o mercado ilegal, só fica atrás da China, que viu ir pelo ralo US$ 600 milhões. No ano passado, a polícia tirou cerca de três milhões de discos das ruas. Os laboratórios descobertos tinham uma capacidade para fazer até 41 milhões de peças por ano. O alto preço dos discos oficiais, segundo a ABPD - que fala em nome das grandes gravadoras internacionais - não é o responsável pelo disparo das vendas ilegais. Enquanto as lojas cobram entre R$ 20 e R$ 25 por um lançamento qualquer, o mesmo álbum sai a um preço entre R$ 5 e R$ 7 no camelô. "Tenho dúvidas se o preço seja mesmo o principal problema. A facilidade de se comprar em uma barraca de camelô, que tem em todos os lugares, é o grande problema. Se os camelôs cobrassem R$ 10 por um disco também venderiam muito", disse Eduardo Rajo, diretor-financeiro da ABPD. Rajo explicou ainda que a associação não interfere nos valores dos produtos. "É cada gravadora que define seu preço." A campanha quer convencer o público dos males que o fortalecimento do mercado ilegal pode trazer. "A pirataria tem de ser combatida como crime organizado", disse André de Almeida, advogado da BSA. "Acabou a fase das indústrias ilegais montadas em fundos de quintais. Galpões são alugados, CPFs são criados. O camelô só está sendo explorado pela indústria deste crime." Esta é a tecla em que o grupo das oito entidades quer bater para convencer o governo a apertar a marcação contra os falsificadores. Associar a pirataria a outros tipos de crimes organizados é uma estratégia que ficou visível em vários discursos. "Aquele que compra disco em camelô hoje está financiando o seqüestrador do seu filho de amanhã", diz Paulo Roque, diretor da Abes. "Pode começar a haver uma migração de narcotraficantes para a pirataria, já que este se trata de um crime rentável e com punições mais brandas", compara Almeida. O custo total da nova campanha publicitária antipirataria foi de R$ 4 milhões.

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