Antes de partir, aos 27 anos, o garoto James Marshall Hendrix, Jimi Hendrix, teve tempo para tirar a guitarra do único contexto em que ela poderia ser vista até então, um instrumento do gênero musical que tinha a rebeldia no foco, e elevá-la à condição de um dos objetos personagem do mundo ocidental mais relevantes do século 20. Por tudo o que fez com uma guitarra nas mãos, de preferência a Fender Stratocaster gelo que, canhoto, usava de forma invertida, Hendrix se tornou uma lenda antes mesmo de ter fechado o ciclo para essa narrativa com sua morte, há exatos 50 anos.

Eric Clapton e Pete Townshend estavam juntos quando viram um show de Hendrix na Inglaterra, levado dos Estados Unidos por Chas Chandler, ex-baixista dos Animals, que o descobriu tocando em um inferninho de Nova Iork. Clapton se virou para Townshend e disse tudo pelos olhos inconsoláveis qualquer frase que significasse o mesmo que “acabou pra gente.” Não havia acabado, até porque Hendrix não apenas recriava o papel da guitarra na humanidade como vinha com uma linguagem tão avassaladoramente particular que não brigaria com ninguém. Não seria os Beatles soterrando os grupos norte-americanos de doo-wop ou o folk inglês dos anos 1950. Hendrix dizia que, a partir dali, havia muito mais a ser explorado.
Há 50 anos, Hendrix chegou ao Hotel Samarkand, no número 22 da Lansdowne Crescent, em Notting Hill, com sua namorada Monika Dannemann depois de passarem quase a noite toda em uma festa. Em circunstâncias que nunca foram completamente explicadas, ele morreria pouco tempo depois, aos 27 anos, deixando uma das obras breves mas mais respeitadas na música pop de sua era. O Estadão separou sete vídeos imperdíveis com trazem as canções que todos deveriam conhecer do maior guitarrista de rock da história.
1. Hey Joe Poucos sabem de sua origem. Hey Joe, imortalizada pelo guitarrista, trata-se de uma canção popular de 1962 escrita pelo músico norte-americano Billy Roberts. Fala de um assassino que sai para matar uma mulher com a complacência do narrador, uma letra não passaria incólume em 2020
2. Voodoo Child
A última faixa do disco Electric Ladyland, lançado em 1968, imortalizou um efeito entre os roqueiros. O wah wah, ou cry baby, acabou se tornando uma fábrica de pedais. O riff acabou eleito como o melhor de todos os tempos por várias publicações.
3. Purple Haze A primeira faixa do álbum de 1967 se tornou a apresentação da veia psicodélica do guitarrista, se tornando um de seus maiores clássicos e relançada em várias compilações.
4. Little Wing Suas origens remontam à gravação de 1966 de (My Girl) Maybe a Fox, um R&B que mostrava toda a inspiração que Hendrix tinha em Curtis Mayfield. Ele criou a música enquanto se apresentava no Greenwich Village de Nova York, antes do baixista e produtor Chas Chandler aparecer na história. Mas só foi terminar a música em outubro de 1967, quando a gravou com o Jimi Hendrix Experience durante as sessões de seu segundo álbum, Axis: Bold as Love.
5. Sunshine of you Love () Esse cover aparece aqui em uma imagem rara, com o grupo do guitarrista tocando em 1969, em Estocolmo. Ouvi-lo saindo assim, destruidora e ao melhor estilo hendrixiano, foi uma das honras vividas por Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker.
6. The Wind Cries Mary Da mesma apresentação de Estocolmo, Hendrix aparece nesse programa tocando a balada que figurou como o terceiro single do músico em seu álbum de estreia Are You Experienced, lançado em 5 de maio de 1967. A canção atingiu o sexto lugar nas paradas musicais do Reino Unido.
7. Hino Nacional dos Estados Unidos Ficou histórica a versão de Hendrix para o hino entoado por sua guitarra em pleno Festival de Woodstock, de 1969. Ele resgata o hino da dimensão militar no ano em que a paz e as críticas à Guerra do Vietnã se tornavam cada vez mais latentes na alma dos jovens que estavam na plateia. Simular bombardeios com efeitos de saturação e microfonia da guitarra foi dos atos mais inventivos que alguém uso até então com uma guitarra empunhada nos ombros.