Lollapalooza 2019: Tribalistas driblam falhas de som e juntam tribos em Interlagos

Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes disseram que se tratava do último show da temporada

PUBLICIDADE

Foto do author Julio Maria

Os Tribalistas chegaram como uma incógnita ao Lollapalooza, um festival de identidade indie tão bem definida. Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Marisa Monte, a princípio, estariam distante da proposta eletro rock que traz a maioria das atrações. Por isso, o que aconteceria no palco e na plateia criava expectativa. O Estado faz a cobertura dos shows do festival; acompanhe aqui.

Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown se apresentam no primeiro dia doLollapalooza 2019. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

PUBLICIDADE

O trio lançou um primeiro disco há mais de 15 anos e jamais havia saído em turnê. Seus integrantes fizeram charme, se esconderam de entrevistas e deram a entender que o projeto era um ato isolado em suas carreiras. Depois de um segundo álbum elogiado e com o qual lotaram estádios em 2018, lá estavam eles, tocando para dois públicos. Os fãs de 2002 e os filhos desses fãs.

Interlagos anoiteceu no exato momento em que eles subiram ao palco Bud. E como se tivessem que se apresentar a uma nova audiência, abriram com Tribalistas, a música, um certo tocar de trombetas para si mesmos. 

O som falhava, algo parecia estar sendo ajustado, algumas dessas falhas digitais que picotam o som. A plateia já estava envolvida na segunda canção, Carnavália. Quando a terceira música começou, o som desandou. Sumiu totalmente e depois voltou irregular, alto demais, com alguns gritos de plateia que pareciam gravados em um estádio, já que não existiam antes de o som sumir.

O flagrante do playback da plateia gritando é um desconforto. Então, os gritos que saem nas caixas não são todos reais? A plateia, formada por jovensde 18, 20, 25 anos parecia ter carinho suficiente.

O show menor que da turnê, para caber no tempo mais enxuto de um festival, seguiu com músicas do segundo disco. Fora da Memória é cheia de sutilezas percussivas de Brown. A postura declamatória de Arnaldo Antunes em muitas músicas, é muito reforçada em Diáspora. Arnaldo falou que era aquele o último show da turnê. Carlinhos agradeceu ao público pelos 16 anos de apoio e Marisa também. Um a Um veio linda, mesmo com o solo felino de gaita de Carlinhos Brown. E depois, Velha Infância, com o som melhor equalizado, trouxe uma euforia real.

A canção É Você é doce, suave e fazpensar na relutância dos três em manter frequente o projeto. Arnaldo, Marisa e Carlinhos não parecem querer atender a uma demanda por Tribalistas que viria inevitavelmente. Juntos, unem três tribos (a música brasileira delicada de Marisa, a Bahia festiva de Brown e o pensamento roqueiro paulistano de Arnaldo) que fizeram surgir um outro som. Não será a razão de suas vidas porque eles não querem que isso aconteça, mesmo quando a fera tenta engolir seus criadores.

Publicidade

Para quem não puder ir ao festival, o Multishow e o canal Bis transmitem o evento, diariamente, a partir das 14h (e também por streaming).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.