Luna chega ao Brasil para série de shows

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Por Agencia Estado
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Um atônito Dean Wareham falou à reportagem no dia seguinte aos atentados terroristas que assolaram os Estados Unidos na semana passada. "Eu nem sei o que pensar disso tudo. Quem é o responsável pelos ataques? Qual será a reação do governo norte-americano quando tiver essa resposta? E as mortes? Eu conheço pessoas que trabalham (ou trabalhavam) no World Trade Center", indaga, triste, o vocalista e guitarrista do Luna, um neozelandês que cresceu na ilha de Manhattan. "Estou vendo o caos pela janela do meu apartamento." Além de morar a poucas quadras das extintas torres gêmeas do Word Trade Center, Wareham foi protagonista de um dos últimos shows realizados no andar térreo do cenário de cartão-postal destruído. A apresentação foi no dia 1.º de agosto data em que o compositor completou 38 anos. "Não consigo acreditar nisso", lamenta. Tragédias à parte (o que é impossível), Wareham toca amanhã e quarta-feira no Brasil com sua banda, em shows na Choperia do Sesc Pompéia. É a primeira vez que o Luna, formado por Sean Eden (guitarra), Lee Wall (bateria) e Britta Phillips (contrabaixo), apresenta-se pelo País. Na seqüência dos shows paulistanos, a turnê segue para Belo Horizonte, na sexta; Goiânia, no sábado; São Carlos, na quarta; Curitiba, na quinta; e Londrina, na sexta. "Não sei o que esperar da platéia brasileira, o que você tem a me dizer?", pergunta à reportagem. "A referência que eu tenho é a musical. O trabalho de Gal Costa Caetano Veloso, Mutantes e Tom Jobim são bastante familiares para mim." O Luna vem ao País por conta do lançamento de seus dois mais recentes álbuns na terra brasilis: The Days of Our Nights (originalmente posto no mercado internacional em 1999) e Luna Live (2001), ambos pela Trama. "Gosto da sonoridade de álbuns ao vivo", diz ele, referindo-se à produção que congrega registros feitos entre dezembro de 1999 e julho de 2000 em Washington D.C. e Nova York. "Isso quando são bem gravados" salienta. Confirmando a sua devoção pelo mitológico Velvet Underground, Wareham revela seu disco ao vivo predileto de todos os tempos. "É o álbum duplo 1969 Velvet Underground Live (1974) gravado em Dallas. É incrível", conta. "Acho que o Velvet Underground foi o principal retrato da Nova York dos anos 60. Assim como os grupos do CBGB´s - Television, Blondie, Ramones e Talking Heads - tiveram também esse papel no final dos 70. Suicide e Sonic Youth nos 80..." E o Luna representa a Grande Maçã do novo século; é a banda mais emblemática dessa estética musical nova-iorquina? "Não estou bem certo disso, acho que os Strokes (um dos grupos mais festejados do momento e que coincidentemente tem o brasileiro Fabrizio Moretti no comando das baquetas) fazem o novo som de Nova York. Eu cresci aqui, mas o Luna poderia ter sua origem no Alaska." Novo disco - O público brasileiro poderá conferir em primeira mão algumas músicas do novo disco do Luna - além, é claro, de composições dos outros cinco álbuns de estúdio. Segundo Wareham, o novo rebento terá aproximadamente 14 canções "tristes e emocionais". O nome surpreende. "Será Romantica, assim mesmo como se fala em diversos lugares do mundo." Na contramão dos trabalhos anteriores, ele avisa que esse não terá nenhuma versão (o grupo já interpretou desde Kraftwerk até Serge Gainsbourg, passando por Galaxie 500 e Guns N´Roses). "Sem covers desta vez." O Luna foi formado em 1991, ano após Wareham ter deixado o grupo Galaxie 500. Mas diferentemente de outros artistas, o músico não tem nenhum problema com o legado de seu antigo grupo; a ponto de Luna Live trazer uma releitura de 4th of July do repertório da finada banda alternativa. "Gosto muito do Galaxie 500, tenho orgulho de ter participado dele. E mesmo que não seja uma constante no set list do Luna, a inclusão de 4th of July no álbum é prova disso." O primeiro disco, Lunapark, foi lançado em 1992 e trazia belíssimas faixas, como Slide, Slash Your Tires e I Can´t Wait. O álbum seguinte, Bewitched (1994), marca a entrada do guitarrista Sean Eden e a participação do saudoso Sterling Morrison, ex-guitarrista da banda culto de Wareham - o Velvet Underground, já se sabe. Morrison contribui nas cordas de Great Jones Street e Friendly Advice. Em 1995, o Luna concebeu Penthouse. O disco foi recentemente eleito como um dos melhores 150 álbuns dos anos 90 pela revista Rolling Stone. O destaque fica para as presenças de Laetitia Sadier, do Stereolab, e Tom Verlaine, do Television. Já com a entrada do baterista Lee Wall, que substituíra o ex-Feelies Stanley Demeski, o grupo lança em 1997 o quarto disco, Pup Tent. The Days of Our Nights (1999) dá continuidade às produções. Além de autorais como Dear Diary, Seven Steps to Satan e Superfreaky Memories, Wareham e companhia interpretam os díspares Guns N´Roses, com Sweet Child o´Mine, e Kraftwerk, Neon Lights (presente apenas no bonus track da edição nacional). "Não sou fã de Axl Rose, mas reconheço que essa música é boa", justifica Wareham. Luna Live encerra, por enquanto, os trabalhos fonográficos. O lançamento registra também outra mudança na formação. Sai o contrabaixista Justin Harwood e entra Britta Phillips. A bolachinha brasileira tem o atrativo da exclusividade: as faixas California, Bobby Peru e Indian Summer de brinde num CD separado. De vez em quando acontece. Luna - Amanhã (18) e quarta, às 21 horas. De R$ 12,50 a R$ 25,00. Choperia do Sesc Pompéia. Rua Clélia, 93, tel. 3871-7700.

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