Atualmente o nome de maior expressão da nova música negra americana, a cantora Macy Gray está no front de lançamento de um novo disco. Trata-se de The Trouble with Being Myself (Sony Music), o terceiro de sua carreira, que conta com participações do cantor Beck e do rapper Pharoahe Monch. E qual o problema em ser Macy Gray? "É uma questão que fala sobre o inferno de ser eu mesma, da dificuldade de manter-me natural e íntegra, sem me deixar dominar pela pose e pela simulação", explica a cantora, em entrevista exclusiva ao Estado, com aquela voz de Pato Donald posando de sexy que conquistou o mundo inteiro a bordo do hit I Try, há três anos. E aquelas histórias da canção My Fondest Childhood Memories, de onde saiu aquilo? Na letra, ela fala de alguns traumas de infância, de infidelidade entre os pais e de um desejo mortal de vingança. "É ficção, é apenas uma história", diz. Na música, Macy fala de uma babá traíra ("Eu a amava até apanhá-la fazendo sexo com meu pai") e de um encanador bem-relacionado ("Eu era grata a ele até pegá-lo encanando minha mãe"). "Eu tenho uma certa queda pelo humor negro", afirma Macy, mãe de três filhos e uma das soul sisters mais festejadas da atualidade. Essa capacidade de aliar uma certa violência da crônica moderna com o timing das antigas musas disco faz dela uma figura única na música atual. Além das digressões psicanalíticas, o que prevalece na música de Macy é uma grande intimidade com ritmos negros clássicos e modernos, do soul ao rap, do jazz ao R&B. "Gosto demais de Prince e Sly Stone, ouço sempre a velha escola, como Stevie Wonder, mas também adoro o hip hop dos Beastie Boys, o rock do Nirvana: tenho um bocado de influências", ela diz. A aparição de Macy Gray na cena musical foi estonteante. Seu disco de estréia, On How Life Is (2000), vendeu 7 milhões de exemplares, resultou numa indicação para o Grammy como artista-revelação e a pôs na estrada abrindo shows para Santana e fazendo canções em colaboração com Fatboy Slim. Um ano após, recebia o VH1 Vogue Fashion Award como a mais fashion da temporada. As próximas atrações, anuncia, são um filme em forma de cartoon, no qual a personagem principal é uma Macytoon, e pontas em outras tantas produções. Ela adora fazer filmes. No blockbuster Homem-Aranha, é ela a artista que canta na rua quando o Duende Verde joga o amor do Aranha, Mary Jane Watson, de cima de um edifício em Times Square. Leia mais.