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'O heavy metal vive um grande momento', diz Rob Halford, do Judas Priest

Sob a liderança do vocalista de 66 anos, banda inglesa lançou o álbum ‘Firepower’ em março e alcançou o 5º lugar nas paradas norte-americanas

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Rob Halford tem consciência da importância do seu Judas Priest, grupo criado em 1969, para a fundação do gênero hoje conhecido como heavy metal. Aos 66 anos, contudo, o músico não quer viver dos louros passados. Enquanto seus contemporâneos, como o Black Sabbath, que surgiu um ano antes do Priest, já deram seu adeus aos palcos, Halford, Ian Hill (baixo), Glenn Tipton (guitarra), Scott Travis (bateria) e Richie Faulkner (guitarra) mantêm um ritmo de lançar discos em intervalos menores do que cinco anos, sempre seguidos por turnês de dois anos de duração. 

Rob Halford, em ação no festival Monsters of Rock, em São Paulo Foto: JF Diório / Estadão

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O mais recente trabalho lançado pelo grupo foi Firepower, colocado nas prateleiras (físicas e virtuais) no início de março. Nos Estados Unidos, o álbum vendeu 49 mil cópias e, se o número não parece significativo se comparado às vendagens de discos até os anos 1990, foi o suficiente para colocar o Priest na lista dos discos mais vendidos da Billboard. 

Com quase 50 anos de estrada – celebrados em 2019 –, o Judas Priest nunca havia alcançado um lugar tão alto na parada de discos geral norte-americana. Uma explicação, é claro, é que o consumidor de heavy metal tenha mais apreço pelo formato físico, mas há de se entender, também, que o gênero de guitarras velozes e pesadas nasceu em um momento de crise, em oposição ao lema de “paz e amor” pregado pelos hippies no fim dos anos 1960. 

Na entrevista a seguir, realizada no dia seguinte a uma apresentação do Judas Priest em Ontário, no Canadá, Rod Halford avalia o novo impulso vivido pelo heavy metal, contextualiza as canções do novo disco da banda e promete voltar ao Brasil ainda em 2018. 

Senhor Halford, bom dia, ainda está em Ontário?  Sim, sim, fizemos um show ontem à noite e, hoje, é nosso dia livre. Quero dizer, é livre para os rapazes da banda, eu estou dando algumas entrevistas. 

Preciso dizer que estou impressionado com a sua voz. Não parece que cantou quase 20 músicas na noite anterior.  (Risos). Eu também não sei explicar por que ela está boa assim. É claro, existem técnicas que auxiliam nas performances e sei que muitos companheiros do heavy metal já sofreram com problemas vocais ao longo dos anos, mas, por sorte, isso nunca aconteceu comigo. Acho que meu segredo é perceber quando a voz pode ficar ruim e deixo ela descansar, eu paro de falar. A voz é parte do nosso corpo e, se você não cuida do corpo, a voz vai sofrer também. Eu não bebo, não uso drogas, como alimentos saudáveis. Mas isso tudo é senso comum, certo? Então, acho que é uma obra dos deuses do metal (risos). 

Rob Halford, em ação no festival Monsters of Rock, em São Paulo Foto: JF Diório / Estadão

Verdade, talvez seja. Aliás, não sei por que me impressionei com isso, porque, na última vez que o Judas Priest se apresentou aqui, vocês fizeram duas noites seguidas em São Paulo, naquele festival chamado Monsters of Rock.  É verdade. Mas a banda tem esse ritmo, mesmo, de fazer esses shows em noites seguidas. 

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Por falar em Brasil, já faz três anos desde a última passagem de vocês por aqui. A turnê do disco Firepower vai passar pela América Latina em breve?  Estamos trabalhando para isso! Sempre sentimos muito apoio e amizade vindos dos brasileiros. Desde que eu me lembre, vocês estiveram com a banda. Vamos tentar visitá-los ainda neste ano! 

Acho que os fãs vão esperar ansiosos, afinal o disco mais recente de vocês, Firepower, lançado há pouco, tem sido muito elogiado pela crítica e pelo público.  É engraçado isso, não é? Estava falando com o chefe da gravadora um dia desses, e ele dizia como o mundo vivia em ciclos, algo que vai se renovando de dez em dez anos, na música. É preciso entender isso, porque às vezes você vai passar por uns cinco ou seis anos ruins. Já passamos por isso, é claro, mas acho que o heavy metal tem vivido um momento muito bom e o fato de o Judas Priest ser um dos criadores do gênero está numa posição privilegiada. 

E a que você credita esse bom momento? São novos tempos sombrios e de crise?  É interessante pensar dessa forma e eu entendo que, de fato, o mundo está em um momento como esse. Mas, ao mesmo tempo, a cada disco que lançamos há um conflito em algum lugar do mundo, alguma confusão política. Acho que esse disco tem um instrumental incrível e uma mensagem que levaram as pessoas a pensar. Firepower nada mais é do que um disco de heavy metal. As pessoas são muito apaixonadas pela música, então elas amam, elas odeiam, é preciso estar preparado. Estamos muito orgulhosos e felizes, não só pelo Priest, mas por toda a comunidade do heavy metal. 

Então, Firepower é uma cria desse bom momento?  Nunca tivemos um plano de fazer um disco que fizesse sucesso e vendesse não sei quantas mil cópias. Todos os discos do Priest são irmãos, as canções sempre nascem de um mesmo lugar. Sei que demos o melhor que poderíamos, mas o motivo do sucesso desse disco? Não sei dizer. 

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