Sai de cena o Beatle mais inventivo e musical

O guitarrista George Harrison morreu em Los Angeles por causa de um câncer na garganta

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Por Agencia Estado
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O Beatle George Harrison sofria de câncer na laringe e nos pulmões, assim como um tumor cerebral. Fumante inveterado, Harrison vinha enfrentando tratamentos em diversas partes do mundo - fora internado recentemente na Suíça. Mais arredio que o resto do grupo, antes, durante e depois da fama, Harrison ficou conhecido como o "Beatle calado", mas manteve intensa carreira solo desde o fim dos Beatles, em 1970. Quando esteve na Índia, com Ravi Shankar, em setembro de 1966, George Harrison descreveu sentimentos contraditórios. Estava descobrindo sua faceta espiritual, mas ao mesmo tempo dizia que era o lugar perfeito para experimentar LSD. "Foi a primeira sensação que tive de estar livre de ser um Beatle ou um número", ele declara, no livro The Beatles: Antologia, recém-lançado pela Cosac Naify no Brasil. Ser um Beatle, para os quatro fabulosos de Liverpool, sempre foi um peso, embora sua breve existência tenha representado uma suave redenção para a música popular moderna. E George Harrison, entre os quatro Beatles, representa sua porção mais inventiva, musical propriamente dita, estruturada numa profunda raiz familiar - tanto o pai quanto o avô tocavam instrumentos de sopro - e numa grande curiosidade pela tradição musical do Oriente. "Foi um caso de amor muito unilateral", ele disse, sobre os Beatles e seus fãs. "As pessoas davam seu dinheiro e davam seus gritos, mas os Beatles davam seus sistemas nervosos, que é uma coisa muito mais difícil de dar", ponderou, em seu balanço final. Nascido em fevereiro de 1943, George Harrison encaminhou os Beatles em direção à música indiana e contracenou com grande parte do teatro pop dos anos 60, 70 e 80. Organizou o famoso Concert for Bangladesh, em 1971, com um lineup que incluía Leon Russell, Ringo Starr e Eric Clapton. Tocou com Roy Orbison, Bob Dylan, Jeff Lynne e outros na banda all-stars Travelling Wilburys. Em 21 de janeiro de 1966, casou-se com Pattie Boyd, que tinha feito uma breve aparição no filme Os Reis do Iê-Iê-Iê, em 1964. Divorciou-se de Pattie Boyd em 1977 - ela mais tarde se casaria com Clapton, que fez para ela uma de suas canções mais famosas, Layla. "Minha tendência, quando tomamos rumos distintos, foi desfrutar o espaço que aquilo (Os Beatles) me concedia, o espaço para ser capaz de pensar em meu próprio ritmo e conseguir levar alguns músicos para o estúdio, que pudessem me acompanhar em minhas canções". Suas canções - que não econtravam muito espaço entre o talento e a centralização de McCartney e Lennon - ficaram eternizadas com os Beatles. Ele foi o autor de While My Guitar Gently Weeps, Taxman, Love You To, Savoy Truffle, Here Comes the Sun, entre outras. Mas também fora da banda, em álbuns como All Things Must Pass, produzido por Phil Spector, como o hino My Sweet Lord. "Gostaria de pensar que os velhos fãs dos Beatles cresceram e todos têm filhos e são mais responsáveis, mas que ainda têm espaço para nós em seus corações", disse Harrison. Um espaço eterno.

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