Scorpions explicam o segredo para 60 anos de carreira e adiantam novo filme: ‘Será como o do Queen’

Histórica banda de rock alemã se apresenta em São Paulo no dia 19 de abril com o Judas Priest no festival Monsters Of Rock; leia entrevista de Klaus Meine, Rudolf Schenker e Matthias Jabs ao ‘Estadão’

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Foto: Divulgação/Mercury Concerts
Entrevista comScorpionsBanda

“Paz, amor e rock n’ roll” é o lema do Scorpions e a explicação do vocalista Klaus Meine para a longevidade da histórica banda alemã, que celebra nada menos que 60 anos de carreira em 2025.

Desde que o grupo de escorpiões deu as caras em Hanôver, com sonoridade capaz de ‘te balançar como um furacão’, foi ‘amor à primeira ferroada’ – parafraseando, claro, o título do hit Rock You Like a Hurricane e do disco consagrador Love At First Sting (1984).

Passadas seis décadas, o conjunto não dá sinais de parada. Em mais uma turnê mundial, voltam ao Brasil pela 12ª vez para shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Na capital paulista, a apresentação será em 19 de abril no festival Monsters of Rock, que vai celebrar 30 anos de existência no Allianz Parque, com Judas Priest, Europe, Quensrÿche e mais nomes de som pesado. Em 2023, eles participaram do mesmo evento no estádio palmeirense com Kiss e Deep Purple.

Somado ao ritmo intenso de shows e gravações (o álbum mais recente, Rock Believer, saiu em 2022), há a produção de uma nova cinebiografia, cuja data de estreia ainda não foi confirmada. O título do filme deve ser Wind of Change, nome da mais famosa balada da banda, de 1991, que é o epítome da esperança por paz, inspirada nos ‘ventos de mudança’ trazidos pelo fim da União Soviética e pela queda do Muro de Berlim.

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Banda de rock alemã celebra 60 anos de carreira com show em São Paulo no dia 19 de abril

Em entrevista ao Estadão, por videoconferência, Meine e os guitarristas Rudolf Schenker e Matthias Jabs deram detalhes do longa-metragem, lembraram os momentos mais importantes da carreira e ainda comentaram acerca de suas controversas capas de discos, muitas vezes estampadas por imagens sensuais, provocativas e com pitadas de críticas sociais.

Scorpions se apresentou no Rock in Rio 2019; Na foto, Matthias Jabs (com a guitarra que usou na edição de 1985) e Klaus Meine Foto: Wilton Junior/Estadão

Vou começar com uma pergunta muito simples: qual é o segredo para chegar a 60 anos de carreira?

Klaus: Paz, amor e rock n’ roll.

Só isso?

Klaus: Nós gostamos de ser uma banda ao vivo, de ser uma banda depois de tantos anos e gostamos dessa louca jornada juntos. 60 anos é um momento tão especial. Quem diria, há tantos anos, que ainda estaríamos por aqui em 2025, balançando o mundo e voltando ao Brasil? Quando éramos crianças, sonhássemos com o grande sonho do rock n’ roll e ainda estamos no meio dele.

Olhando para a história do Scorpions, quais foram os momentos mais determinantes para o sucesso da banda?

Rudolf: Foram três grandes passos. Um deles foi, claro, quando Uli John Roth [guitarrista que entrou no grupo em 1973, no lugar de Michael Schenker, e saiu em 1978] veio para criar com nosso produtor Dieter Dirks. O segundo momento foi quando começamos a fazer Lovedrive (1979), Matthias entrou na banda e já fizemos o passo para os EUA. O passo seguinte foi a situação na Rússia, que nós, como uma das primeiras bandas no mundo, fomos até lá e tocamos 10 shows em São Petersburgo, antiga Leningrado. Um ano depois, teve o Festival da Paz de Moscou em frente a milhares de pessoas.

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Klaus: Mas isso só foi superado por tocar no primeiro Rock in Rio [em 1985]. Houve muitos momentos especiais ao longo dos anos 80, como o Festival US na Califórnia [em 1983]. Mas o Rock In Rio foi um momento histórico do rock. Foi incrível tocar e compartilhar o palco junto com Queen, AC/DC e muitos outros. O Brasil foi um passo muito importante no caminho.

Capa do álbum 'Lovedrive', do Scorpions, lançado em 1979 Foto: Reprodução/Scorpions

Sempre gostei das capas dos álbuns do Scorpions, com aquelas imagens provocativas e controversas. Quão importantes foram essas ilustrações para representar o conteúdo musical dos discos?

Matthias: Toda capa de álbum deve representar o conteúdo da música e a imagem da banda. Para nós, foi muito importante nos anos 80 ter essas capas controversas, de grande impacto. Infelizmente, com a invenção do CD, as capas encolheram para uma dimensão menor. E todo artista perdeu um pouco do interesse. Com o vinil, é simplesmente fantástico observar cada detalhe da capa antes de ouvir a música ou enquanto ouve a música.

Klaus: Houve um tempo em que trabalhamos com pessoas como o lendário Helmut Newton [autor da capa de Love At First Sting]. Naquela época, também havia o Hipgnosis [grupo britânico de design gráfico] em Londres, com quem fizemos Lovedrive e Animal Magnetism (1980). Eles sempre surgiam com ótimas artes.

Como ‘Wind of Change’ impactou a percepção pública do Scorpions? E como vocês acreditam que o poder desta música dialoga com o cenário político atual?

Klaus: O Scorpions nunca foi exatamente uma banda política. Mas essa música surgiu de uma situação na União Soviética, quando a janela para um mundo pacífico e livre estava aberta por um momento na história. Esta música tocou muitas pessoas e ainda toca mais de 35 anos depois. A música teve mais de 1 bilhão de cliques no YouTube. Isso mostra que, depois de todos esses anos, ela ainda é relevante. E, como passamos por tempos politicamente muito difíceis em todo o mundo, a música está chamando pela paz. Onde quer que toquemos essa música, ela envia uma mensagem de paz muito forte. Como eu disse, os Scorpions são paz, amor e rock n’ roll. Rock You Like a Hurricane é o rock, Wind of Change é a paz e o amor está em Still Loving You.

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O que podem adiantar sobre a cinebiografia do Scorpions? Será algo no estilo do filme do Mötley Crüe: ‘sexo, drogas e rock n’ roll’?

Matthias: O filme começará a ser filmado ainda este ano. Teremos atores nos interpretando. Será a história especial de uma jovem banda que surgiu na Alemanha Ocidental e mostra como nos expandimos pelo mundo, ao redor do globo. Não será como uma biografia típica. Será mais no estilo do filme do Queen [Bohemian Rhapsody, de 2018].

Klaus Meine em show do Scorpions no festival Skol Rock, em 1997, em São Paulo Foto: J.F. Diorio/Estadão

Vocês vão tocar em São Paulo com o Judas Priest. E há alguns anos vocês tocaram com Kiss e Deep Purple. Como é a relação do Scorpions com esses outros grupos históricos do rock? Costumam sair para se divertir ou é tudo muito profissional hoje em dia?

Rudolf: Nos tornamos bons amigos ao fazer turnês pelo mundo, nos encontrando, tocando juntos. E todo roqueiro que toca numa banda, está acostumado a ter amigos pelo mundo.

Klaus: Especialmente em São Paulo, há ótimos clubes como o Manifesto [no Itaim Bibi]. Esse clube ainda está funcionando?

Creio que sim...

Klaus: Às vezes vamos lá quando estamos em São Paulo. E então você também sai com seus amigos e conhece outras bandas de rock. Como na última vez que encontramos nossos amigos do Rammstein. Nos dias de folga, estávamos com os caras do Kiss na última vez que estivemos no Brasil. Basicamente, existem boas vibrações entre todas essas bandas porque compartilhamos a longa estrada juntos.

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Show da banda Scorpions realizado no estádio da Portuguesa, em São Paulo, em 2005 Foto: Marcelo Barabani/Estadão

Scorpions no Monsters of Rock

  • Quando: 19 de abril de 2025
  • Onde: Allianz Parque (Avenida Francisco Matarazzo, 1705)
  • Ingressos: eventim.com (baixa disponibilidade)
  • Preços: R$ 240 a R$ 1.810 (camarotes oficiais Backstage Mirante e Fanzone vão de R$ 1.610 a R$ 2.400)

Scorpions em Brasília e no Rio

  • Quando: 16/4 (festival Arena of Rock, no Mané Garricha) e 21/4 (show solo no Qualistage)
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