Análise | Shakira atrasa uma hora, mas prova ser bem mais do que separação turbulenta em show em SP

Cantora levou ‘Las Mujeres Ya No Lloran’, turnê que começou no Brasil, ao Morumbis nesta quinta, 13; show mostrou lados ‘loba’ e vulnerável da artista

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Foto do author Sabrina Legramandi
Atualização:

Lady Di teve seu “vestido da vingança”, mas Shakira já coleciona seu hit, seu álbum e, agora, sua “turnê da vingança”. Las Mujeres Ya No Lloran, nome que deu às apresentações e a seu último disco, repete um mantra que vem dando o tom dos últimos passos da carreira da artista: “As mulheres já não choram. As mulheres faturam”.

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A cantora conseguiu inverter papéis. É raro que uma mulher, seja a infiel ou a traída, saia “vitoriosa” em uma separação tão turbulenta quanto a do ex-jogador Gerard Piqué. Shakira quis expor a infidelidade do ex-marido, quis que o caso ganhasse repercussão e, no palco do Morumbis, em São Paulo, nesta quinta-feira, 13, quis mostrar o que sentiu.

A cantora demorou - e muito - para subir ao palco. Atrasou uma hora e deixou os fãs, que enfrentavam um mormaço de um dia inteiro de chuva na capital paulista, impacientes.

Shakira atrasou uma hora em show em São Paulo. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Mas a entrada foi uma redenção. Ela caminhou com fãs, bem perto do público, e começou com La Fuerte, do último álbum. Pouco depois, pediu desculpas pelo atraso, afirmando ter enfrentado “problemas técnicos por causa da chuva”.

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“Obrigada pela espera. Obrigada pela paciência”, disse, sempre em português. “Eu sou toda de vocês. Esse é o reencontro de uma lobinha com a sua alcateia.”

Shakira faz questão de frisar que se sente uma “loba” – característica de mulheres fortes, ostentada por ela e Alcione. Fez discursos de empoderamento e sobre ter superado a fase difícil pela qual passou recentemente. É claro que é tudo por causa de Piqué – mas é injusto resumir a grandiosidade de sua apresentação a uma separação.

Shakira dedicou seu último álbum a expor separação de Piqué. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Shakira é uma das poucas latinas que, com maestria, conseguiu entregar o que o mercado internacional pede sem negar as suas origens. No palco, ela é uma diva pop, mas é também uma mulher que dança salsa, reggaeton e cúmbia, ritmo típico da Colômbia. Também referencia a ascendência libanesa com sua conhecida dança do ventre - em Whenever, Wherever, faz até uma performance com facas em mãos.

Mas tem também o lado vulnerável. Vulnerabilidade que, vale frisar, não é sinônimo de fraqueza, mas de transparência. Enquanto canta Chantaje, hit com Maluma, a cantora leva uma câmera do palco para o camarim. Faz uma das suas inúmeras trocas de figurino enquanto performa e mostra que um dos grandes méritos de Las Mujeres Ya No Lloran Tour é saber aproveitar tudo: o telão, o palco e as câmeras.

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Shakira soube aproveitar telão, palco e câmeras de 'Las Mujeres Ya No Lloran Tour'. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

É claro que houve momentos em que o clima ficou morno. Afinal, foram duas horas de show, sem tirar a de espera. A cantora, porém, sabia chamar a plateia - composta essencialmente por mulheres, diga-se de passagem - para dançar novamente.

Foi exatamente a isso que se resumiu o show na capital paulista: Shakira, o tempo todo, se portava como se quisesse levar cada mulher para dançar no palco e se sentir como ela. Ao final, depois de Waka Waka, colocou um lobo gigante no palco e exibiu os “dez mandamentos de uma loba”.

“Você vai dançar e cantar quando precisar se curar”, frisou um deles. E foi o que ela fez. Terminou a apresentação com uma “chuva de dinheiro” e Bzrp Music Sessions, Vol. 53, a música sobre Piqué.

Análise por Sabrina Legramandi

Repórter de Cultura do Estadão

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