Soft Cell volta com novo disco e turnê

Vinte anos depois de estourar com o hit Tainted Love, dupla inglesa volta com um novo disco e turnê e lança Cruelty Without Beauty

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Vinte anos depois de estourar com o hit Tainted Love, o Soft Cell volta com um novo disco e turnê. A dupla inglesa creditada por levar a onda do synth-pop ao mainstream no início dos anos 80 lança Cruelty Without Beauty, que vem sendo bem-recebido tanto por saudosos da época áurea dos sintetizadores quanto pela nova geração que adotou o electropop como o gênero do momento. O cantor Marc Almond, que está com 45 anos, e o tecladista David Ball, de 43, mais uma vez exploram letras cheias de cinismo e humor, mas garantem que continuam sendo uma das bandas mais estranhas do pop. Formado na cidade inglesa de Leeds em 1980 pela então dupla de estudantes de arte, o Soft Cell foi arremessado para o sucesso com Tainted Love, cover de um hit da cantora de soul dos anos 60 Gloria Jones. O álbum Non-Stop Erotic Cabaret não só ajudou a firmar o synth-pop no topo das paradas inglesas, mas também inspirou a onda de duplas lideradas por um vocalista espalhafatoso e um instrumentista tímido - como Erasure, Pet Shop Boys e Eurythmics (outros, como Cabaret Voltaire e Suicide, surgiram antes, mas também se beneficiaram com o sucesso do Soft Cell). Apenas dois outros discos foram lançados (The Art of Falling Apart, de 1983, e This Last Night in Sodom, de 1984) até que a dupla resolveu seguir caminhos separados - citando como principal motivo a pressão da gravadora para uma direção mais comercial do Soft Cell, que havia sido concebido como um projeto underground. Durante o resto dos anos 80 e nos 90 Almond gravou vários discos-solos que tiveram recepção morna (o mais bem-sucedido foi Tears Run Rings, de 1989), mas manteve seu status como celebridade de pequeno porte na Inglaterra, enquanto Ball passou a trabalhar como produtor, assinando trabalhos de David Bowie, Kylie Minogue, Pet Shop Boys e Cornershop. Em 1998, quando bandas como Blondie e Culture Club se apressaram em capitalizar com o início do revival dos anos 80, eles voltaram a compor juntos e, dois anos mais tarde, fizeram alguns shows na Inglaterra. Apenas agora o novo disco chega ao mercado - justamente no momento em que grupos como Fischerspooner e Ladytron resgatam a sonoridade e parte da atitude da época de ouro do Soft Cell. Sobre a volta à ativa, Almond disse à Billboard que ele e Ball sentiram que era a hora certa. Você simplesmente acorda um dia e sente que o momento chegou. Ironicamente, eles tiveram de adiar uma turnê européia por conta de um problema de saúde do cantor (os shows que deveriam ser realizados em outubro vão ficar para o início de 2003). Para os desavisados, Cruelty Without Beauty pode ser confundido com um dos trabalhos da primeira fase da dupla - já que a sonoridade e a estrutura das músicas são exatamente as mesmas. No geral, o clima do disco é sombrio e há até uma faixa de inspiração gótica (Le Grand Guignol), mas também estão lá momentos de puro pop, como o single Monoculture (em que eles fazem Pet Shop Boys melhor do que os próprios) e Sensation Nation. Embora o álbum seja uma boa trilha sonora complementar para quem está interessado na nova onda de electro, a sensação é de que a dupla nova-iorquina Fischerspooner, por exemplo, faz Soft Cell melhor do que os próprios. Para os saudosistas, também é tempo de relembrar os antigos sucessos. Almond havia escrito em sua autobiografia Tainted Life, lançada nos anos 90, que cortaria o pescoço se ouvisse Tainted Love novamente. Ele finalmente fez as pazes com o passado e incluiu o hit no repertório da atual turnê. É o episódio final na carreira da dupla que criou uma revolução no pop mundial.

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.