De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Tem cinema cubano do bom no streaming

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Rodrigo Fonseca Envolvido atualmente nas filmagens de "Riquimbili o El Mundo de Nelsito", depois de ter rodado "Cuentos de un Día Más" (2021), o realizador Fernando Perez chegou ao streaming, via Amazon Prime, com o mais potente longa-metragem cubano dos últimos dez anos, aplaudido no Festival de Berlim de 2017: "Últimos Dias Em Havana". Foi eleito o Melhor Filme Ibero-americano no Festival de Málaga, na Espanha, pela cadência poética de sua mirada social e afetiva para a solidariedade. Centrado na relação de amizade que se estabelece entre um militante das causas LGBTQIA+ soropositivo e um sonhador cuja meta é deixar sua ilha e viver nos EUA, a produção rendeu a Fernando Pérez (hoje o mais importante cineasta de Cuba) o troféu de melhor direção no último Cine Ceará. Fortaleza rendeu ainda a esse drama com tons de "filme catástrofe" uma láurea de melhor fotografia (feita por Raúl Pérez Ureta, irmão do diretor) e o Prêmio Olhar Universitário. Revistas da Europa incluíram o longa na lista dos melhores de 2017. "Em meio a um procedimento de observação para produzir ficção a partir de elementos de raiz documental, eu assumo a luta pela sobrevivência como tema, caminhando por uma ótica de tom existencial", disse Pérez ao P de Pop n Berlinale. "Há um esforço de enxergar Cuba fora de parâmetros revolucionários e ver nossa realidade pelo prisma da comunhão". Prestigiado mundialmente pelo documentário "Suíte Havana" (2003), Pérez investiga os laços de afeto e de altruísmo entre dois homens separados por convicções (sexuais, políticas) numa região onde a miséria e a natureza se sabotam mutuamente. Gay assumido, Diego (Jorge Martinez) está carcomido por doenças decorrentes da AIDS e passa seus dias sobre uma cama, em um apartamento sem água e em ruínas, que é sua única posse. A seu lado está Miguel (Patrício Wood), um quarentão que parece não se afetar com o mundo que o rodeia: para pagar as contas de ambos, lava pratos num restaurante enquanto espera a chegada do visto para emigrar para os Estados Unidos. Mas a tragédia vai bater na porta deles, como metáfora das transformações de Cuba. "Lancei mão de toda uma documentação de Havana que parte de um trabalho mais cru, de registro, feito por meu irmão, Raúl Pérez Ureta, que entra aqui como nosso fotógrafo, a fim de contextualizar a Cuba do presente e, não, uma Cuba idealizada. Para isso, minha montagem encontra o equilibro entre fato e fábula", disse o cineasta. "É importante Cuba valorizar um tipo de cinema que vá além do realismo".

p.s.: "Shazam!" é a atração desta segunda, na "Tela Quente" da TV Globo, às 22h35.

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