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'Tótem': filme mexicano comove a Berlinale

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Por Rodrigo Fonseca
"Tótem" é o único dos 19 concorrentes ao Urso de Ouro com CEP na América Latina  

RODRIGO FONSECA Numa mistura de dor e encantamento, o drama mexicano "Tótem", da diretora Lila Avilés, fincou a bandeira da América Latina na disputa pelo Urso de Ouro de 2023, com uma mirada sobre a infância. "Delicadeza" é a palavra mais utilizada na fortuna crítica construída pelo novo longa rodado pela realizadora de "A Camareira" (2018). É um estudo sobre a vida em família a partir dos ritos de amadurecimento da pequena Sol (Naíma Sentíes). Na trama, a menina passa o dia na casa do avô, em meio à preparação de uma festa para seu pai. Mas algo sai errado ao longo do dia, revelando segredos daquele clã, fazendo Sol crescer... e brilhar. "É um filme sobre os animais que nós, seres humanos, somos. Tentei formar a melhor equipe criativa e jogar com nosso Yin e Yang", disse Lila à Berlinale. "Tive que encontrar uma menina com a maturidade e sentido crítico, com senso de escuta para as nossas trocas. Cheguei à força de Naíma". Afetada mais pela prosa literária do que por referências cinéfilas - "A única parte boa da pandemia foi ter me dado tempo para ler", diz -, Lila idealizou "Tótem" como um presente para sua própria filha. Avesso ao uso contínuo de música no set de filmagem e na tela, a diretora atribui parte da força sensorial de seu longa ao trabalho de engenharia de som. "Gosto mais do barulho natural dos espaços, do modo como as pessoas reais o preenchem", disse Lila ao Estadão, ao lado de Naíma.

A diretora Lila Avilés e a atriz Naíma Sentíes  

Até o momento, a produção mais bem falada de todo o evento alemão é um outro longa egresso do México: "El Eco", de Tatiana Huezo. Nele, a diretora do premiadíssimo "Reze pelas Mulheres Roubadas" (2021) pode abocanhar os troféus da mostra Encontros com este documentário sobre um vilarejo mexicano que parece parado no tempo, castigado pelo frio e por secas, no qual jovens cuidas de suas avós, assim como tomam conta de rebanhos carentes de melhores condições. É uma metáfora entre a natureza humana e a vida animal. Vai ter Berlinale até o dia 26, sendo que neste sábado serão revelados os ganhadores dos Ursos de Prata e do Urso de Ouro, decididos por um júri presidido pela atriz Kristen Stewart, além de outras láureas. Até o momento a surpresa do dia é o thriller "Inside", da mostra Panorama, no qual Willem Dafoe vive um ladrão de obras de arte que fica preso em um apartamento depois de o sistema de proteção do edifício ser assionado.

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