Rodrigo Fonseca Diante da acachapante passagem de "PERFECT DAYS", pela Croisette, o cinema agora só fala em Wim Wenders. Que bom! Laureado com a Palma de Ouro de 1984 pelo cultuado drama "Paris, Texas", o cineasta alemão de 77 anos não alcançava tanta notoriedade com uma ficção desde "O Hotel de Um Milhão de Dólares" (Prêmio do Júri na Berlinale em 2000), dedicando-se mais a documentários, como "Pina" (2011) e "O Sal da Terra" (codirigido por Juliano Salgado, de 2014). Ao filmar no Japão, terra de seu ídolo (o diretor Yasujiro Ozu), ele arranha o status de obra-prima à força de uma poética investigação sobre as belezas simples da vida, narradas a partir do cotidiano de um limpador de latrinas (papel que deu a Koji Yakusho o prêmio de Melhor Ator) apaixonado por rock, em fitas K-7. Foi o filme mais encantador de todo o Festival de Cannes de 2023. O longa ganou ainda o Prêmio do Júri Ecumênico.
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