O disco dela, Alice, mesmo, só sai em 12 de janeiro, mas o primeiro single, com videoclipe, ganha lançamento aqui no blog.
E que estrago.

Alice, o disco, será o terceiro trabalho da artista. O sucessor do excelente Rainha dos Raios terá a produção de Bárbara Ohana, também cantora e compositora.
Inocente é a canção escolhida como primeiro single, uma criação em parceria com Ana Carolina, uma artista com uma qualidade inquestionável de transformar dores de amor em baladas radiofônicas.
"Essa música surgiu em uma viagem que fizemos para o interior do Rio de Janeiro. Na época eu desenhei algumas linhas rítmicas pro começo, pra juntas criamos o resto da melodia e letras", conta Alice.
Aqui, Alice coloca um pézinho num R&B contemporâneo, flerta com o swingbeat. De leve, na embalagem da canção, com as muitas vozes que dão ritmo, o synth de fundo, a levada trasante de batida.
Estivéssemos ainda nos anos 1990, Inocente tocaria nos bailinhos de charme, naquele momento mais pedido, quando a birita já corre solta há algumas horas e o choro convulsivo seria visto ali e acolá.
"Um ano sem você já deu para perceber o estrago que isso fez na minha vida", canta Alice, veja bem.
Ainda assim, estamos falando de Alice Caymmi, artista inquieta que só.
Mesmo quando se aproxima do pop cristalino, ela ainda o anarquiza. Tira-lhe alguns fundamentos básicos - principalmente por conta do seu timbre único de voz e a forma como ela se impõe nas batidas suingadas.

Mas, afinal, do que Inocente trata?
Calma, pessoal, certas coisas machucam. É preciso chegar até elas com jeitinho. (...)(Respira. E vai). Tá, vamos lá.
Inocente é uma confissão. Um grito daqueles engasgados, presos no peito. Por um ano inteiro, ela ruminou aquele sentimento, aquele estrago. Nada ficou em pé depois desse rompimento.
O clipe, que pode ser assistido abaixo, brinca com a questão do tempo. Esteticamente, a direção de Allexia Galvão, fotografia de Fernando Young e direção criativa e styling de Leo Belicha brincam com o passado. Como se Alice fosse um fantasma, uma lembrança reencontrada em uma fita de VHS antiga.

Sem precisar entrar em detalhes, Alice canta um amor desencontrado. Aquele término repentino, por medo. Viu a contraparte ir embora, para longe.
Inocente é o reencontro, tempos depois. Há uma visão clara daquilo que se viveu e do estrago que se sucedeu.
É interessante, acima de tudo, a visceralidade que toma conta da clareza. O sentimento e a dor são tão analisados e, ao mesmo tempo, desesperados. Uma contradição torturante, afinal. Como todo "bom" caso de amor não resolvido.
Tome um café quentinho, respire fundo e dê o play em Inocente aqui.
O autor do blog também mantém o Tem um Gato na Minha Vitrola, um programa sobre música diário nos stories do Instagram. Siga o TUGNMV nas redes sociais e não perca um episódio: Facebook e YouTube.