O problema dos escândalos políticos no Brasil é a péssima qualidade de seus roteiros. Entre a primeira denúncia e a demissão deste ou daquele ministro, tudo que acontece é de uma chatice de fazer inveja ao cinema brasileiro dos anos 70. Os diálogos são repetitivos, por vezes sem nexo, a trama é desinteressante, o desfecho patético. Nas pornochanchadas, pelo menos, tinha gente bonita pra se ver. O momento mais excitante - ou pelo menos inesquecível - no copião dessas lambanças de governo em 2011 foi, salvo engano, a revelação de que o ex-ministro Pedro Novais, um homem de 80 anos, pagou com dinheiro público a despesa de uma festinha em motel do Maranhão. Fora isso, teve aquele meio strip-tease mental do Lupi, a saia justa do Palocci, a língua solta do Jobim, o golpe de kung fu no Orlando Silva, e olhe lá!Assistimos, sem data para acabar, a uma sucessão de histórias mal contadas, mal ouvidas, mal escritas e mal lidas no noticiário nacional. Não à toa, o ano ainda não acabou e o brasileiro já não está bem certo, entre Wagner Rossi e Alfredo Nascimento, quem, quando, onde e por que cada um deles caiu do governo. Você lembra ao menos de que pastas eles foram ministros?Gente assim ocupou em 2011 mais tempo de atenção da classe média do que as telenovelas. E olha que em nenhum folhetim de TV personagens como o ministro das Cidades, Mário Negromonte, seria protagonista. É dele a máxima da semana, que muito leitor confuso - ô, raça! - atribui por engano a João Havelange: "A idade de mentir já passou!" "Inexiste incompatibilidade" - saiu do nada para as primeiras páginas de jornal um certo Otílio Prado, ex-assessor e sócio do ministro Fernando Pimentel em empresa de consultoria, mais não Digo para não fazer o leitor perder seu tempo de seu domingo. A gente já viu esse filme: é remake do Palocci!