Penúltima escala do circuito de desfiles, Milão terminou ontem os lançamentos para o outono-inverno 2001/2002. Amanhã os fashionistas focam seus olhos em Paris, onde finalmente pára de girar o carrossel da estação. Lá teremos o desfile de dois brasileiros, Alexandre Herchcovitch (sábado) e Icarius (segunda-feira), e a comercialização de vários como Reinaldo Lourenço, Glória Coelho, Zoomp, Ellus e M. Officer, que estão com showroom na capital da moda. Duas das principais engrenagens da moda mundial hoje se lançam em Milão: Prada e Gucci. O que eles fazem será seguido pela corrente da moda, reinterpretado ou simplesmente copiado até chegar aos camelôs mais espertos. A Prada vem radical, completamente fiel aos seus princípios. A estilista Miuccia Prada, que disseminou uma estética às vezes dura de engolir por sua estranheza inicial (logo digerida, provando-se altamente lucrável), disse que nessa coleção ela ficou atraída pela verdadeira vanguarda da moda, que explodiu nos anos 60. Ou seja, há um perfume de Courrèges com Pierre Cardin e Mary Quant em suas peças, da jaqueta de pele à regata mais básica, passando por saias pregueadas, minicasacos tipo pelerine, calças no meio da perna, vestidos de decote quadrado com jogo de texturas na inserção de faixas tipo código de barras. Tudo em preto ou marrom, com um pouco de laranja para reforçar o desejo futurista. Os acessórios que fazem a fortuna da Prada (que hoje detém as marcas Helmut Lang, Jil Sander e Fendi) indicam bolsas abaixo do quadril (com alças muito longas), sapatos boneca de salto alto, de preferência bicolor, e botas de amarrar. No styling, o toque de cachecóis compridos e do chapéu de pele de origem russa. Para a Gucci, capitaneada pelo texano Tom Ford, essa coleção veio sob a pressão da crítica negativa da última temporada. Acostumado à unanimidade favorável, Ford enfrentou vozes dissonantes na coleção passada, mas demonstrou seu poder de fogo com uma leitura gucciana (ou fordiana?) dos anos 60/70 -- um pouco da tal vanguarda a que Miuccia se referiu, um pouco dos mods ingleses, um pouco dos punks e muito dos baby-dolls na série de vestidos de cintura império que fecharam o desfile. Leia mais