Os vencedores do Prêmio Multicultural Estadão 2001 são o médico cancerologista e escritor DrauzioVarella, o acadêmico e crítico teatral Sábato Magaldi e o músico Tom Zé, na categoria Criadores, e a ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, na categoria Fomentadores. A apuração foi realizada hoje sede do Estado com auditoria da Arthur Andersen. Foram 3.707 votos que vieram de todo o Brasil por meio da participação do Colégio Eleitoral que reúne 6 mil profissionais da cultura. Segundo o regulamento do prêmio, todos os eleitos serão agraciados com uma obra criada especialmente pelo artista plástico gaúcho Felix Bressan. Porém, os criadores escolhidos, além da obra, recebem a quantia de R$ 30 mil de estímulo à continuidade de seus trabalhos. Drauzio Varella é ideólogo e praticante de uma medicina social e atua com veemência nos mais diversos meios de comunicação. Desenvolve, desde 1989, trabalho voluntário na Casa de Detenção. A vivência dentro do maior presídio do País valeu-lhe de inspiração para a escrita de Estação Carandiru, livro ganhador do Prêmio Jabuti. Sábato Magaldi é a memória viva e crítica das artes cênicas no Brasil e no exterior. Um dos imortais da Academia Brasileira de Letras, Magaldi é autor de obras fundamentais para a reflexão do teatro nacional. Panorama do Teatro Brasileiro, Moderna Dramaturgia Brasileira, Crônicas da Vida Teatral são alguns dos títulos. Tom Zé é o exemplo máximo da inventividade e do experimentalismo na música popular. Egresso de tropicalismo (movimento do qual ele foi um dos principais articuladores), o baiano de Irará amargou cerca de duas décadas de quase ostracismo, até ser descoberto pela vanguarda nova-iorquina nos anos 90. Como de costume, seu mais recente álbum, Jogos de Armar, é um primor inventivo. A conterrânea de Tom Zé, Mãe Stella de Oxóssi, é responsável pelo terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, fundado em 1910 e transformado em Patrimônio Histórico Nacional. A instituição religiosa situa-se no bairro de São Gonçalo do Retiro, em Salvador, e abriga uma escola de ensino básico que atende a 300 crianças da comunidade. Entre outras especificidades, a cultura africana faz parte do currículo obrigatório. O terreiro desenvolve também, em parceria com o Unicef e a Comunidade Solidária, programas profissionalizantes e culturais para 150 adolescentes. A festa da 5.ª edição da premiação será realizada no dia 11 de julho no Sesc Pompéia.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.