Como pode? Você conseguiu novamente, disse um amigo a Hans Hegel, autor de colunas semanais para o Planeta Diário, de Metrópoles, onde era colega de Clarck Kent.
Você é muito generoso, replicou Hans. Vou te dizer um segredo: o mais difícil é pescá-las, escapando do que surge como “questões” a serem revolvidas...
Aí, meu caro, você já sabe antecipadamente sobre o que escrever. Os “peixes” estão na rede e não falar alguma coisa pode ser um sinal de medo ou de “alienação”.
Nós glorificamos o novo e, no entanto, quando ele surge, nós o tratamos como se ele fosse coisa do outro mundo.
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O novo desperta curiosidade porque é procurado e premiado, mas quando chama muita atenção pode ofender. Então ele detona uma corrida para torná-lo rotineiro. Mas certos eventos - como a pandemia, o terrorismo e a guerra -, nascidos das nossas contradições, são desafiadores. É muito difícil colocá-los num lugar.
As pessoas “esquecem” que o novo é parte de uma totalidade, prosseguiu Hegel. O novo pode ser um exagero, ou alguma coisa que saiu da toca onde nós o escondemos, como o terrorismo e a corrupção.
Como esperar harmonia num mundo estruturado por diferenças, que se projetam em propriedade individual ou nacional - esse núcleo duro de todas as guerras?
Certo, Hegel! Mas me diz uma coisa: o Clarck Kent sabe que você sabe que ele é o Super-Homem?
Hans Hegel não hesitou. Essa duplicidade, contou, é o seu problema. No planeta de onde veio, uma pessoa é sempre fiel a si mesma e, como lá não há sete mil e tantas línguas e visões do mundo, como aqui, não há contradições. Mas, entre nós, ele esconde seus superpoderes. Já imaginou um “político” dotado de visão raio X e voando?
Então o Clarck vive como um terráqueo - um ser duvidoso. Ele tem uma amarga consciência dessa hipocrisia. Eu penso, completou Hans Hegel, que ele até mesmo dúvida do amor da Miriam Lane; e quando eu assegurei ao Clarck que esse amor era sincero, ele respondeu:
“Ela me ama tanto quanto vocês querem a paz”.
Foi o que pesquei com Hans Hegel. Um amigo duplo do cronista duplo de um duplo mundo, onde tudo tem um significante e um significado.
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