O fim da história todo mundo já sabe. O pequeno Elián González, de 6 anos, depois de se tornar alvo de disputa internacional entre seu país, Cuba, e os Estados Unidos, volta para os cuidados do pai após cinco meses de brigas judiciais pela sua posse. O fato, que foi notícia no mundo todo em 1999/2000, será contado agora em 89 minutos na fita A História de Elián (The Family In Crisis - The Elián González Story), lançada pela Europa Vídeo e já nas locadoras. O filme, dirigido por Christopher Leitch, tem atores cubanos no elenco - formado por Esai Morales (o pai, Juan Miguel), Laura Harring (a prima Marisleysis), Alan Rachins (outro parente, Spencer), Miguel Sandoval (o tio Lázaro) e Alec Roberts (o menino Elián) -, mas é falado em inglês e legendado em português. Sua intenção é retratar um pouco da história vivida pelo garoto que, levado pela mãe rumo "a um futuro melhor, mais livre", é acolhido por tios e primos em Miami após uma tempestade em alto-mar que matou 11 dos 14 integrantes do barco onde viajavam (incluindo Elizabeth, a mãe de Elián, e o namorado dela - seus pais eram separados). O menino passou cerca de 50 horas agarrado a uma câmara de ar e mais tarde foi resgatado por um barco e levado a um hospital americano, onde sua nova família foi encontrá-lo. No início do vídeo, um aviso diz que a história é real, "mas algumas cenas são ficcionais por propósitos dramáticos". O filme peca em não informar que Elián morava com os pais em Cárdenas, cidade a 100 km de Havana, em não dizer quantos dias ele ficou à deriva no mar e quantos meses se passaram até sua volta para Cuba. Alguns cortes secos entre uma cena e outra também surgem como ponto negativo. Mas o propósito de uma trama forte, dramática, ágil e emocionante foi atingido. Os fatos obscuros da vida real foram respeitados na fita, como a possível imaginação de Elián ao descrever que foi salvo por golfinhos, além da gravação em vídeo feita pela prima Marisleysis de imagens (ensaiadas?) do menino dizendo que não queria voltar para Cuba. A História de Elián mostra, ainda, o assédio constante da imprensa aos envolvidos no caso e a utilização da mídia pela família americana na tentativa de tornar o garoto um ícone no país, uma comoção nacional. A fita, entretanto, não apresenta exageros de xenofobia norte-americana.