Em ‘Morrendo por Sexo’, Michelle Williams vive paciente terminal em busca do prazer; leia entrevista

Nova minissérie já está disponível no Disney+ e é baseada em história real

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Molly (Michelle Williams) está em uma sessão de terapia de casal com seu marido, Steve (Jay Duplass), quando recebe uma ligação do hospital, com a notícia de que está com câncer em estágio terminal. Atordoada, ela deixa a sessão – e o marido, que não a toca há anos – para digerir o diagnóstico, antes de decidir fazer bom uso do tempo que lhe resta.

Poderia ser o começo de uma história chorosa, mas não é o caso. Molly, afinal, quer aproveitar seus últimos dias para ter uma experiência nova: descobrir como é ter um orgasmo com outra pessoa. É o ponto de partida da minissérie Morrendo por Sexo, que chega nesta sexta-feira, 4, ao Disney+.

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Em oito episódios de meia hora cada, a produção adapta a história real de Molly Kochan, que registrou suas aventuras sexuais no podcast Dying For Sex (um trocadilho que funciona melhor na língua inglesa), ao lado da amiga Nikki Boyer - também produtora da minissérie e vivida nas telinhas por Jenny Slate. O podcast foi lançado em 2020, um ano após a morte de Molly, aos 45 anos.

Michelle Williams não era parte dos ouvintes iniciais de Dying For Sex – mas ficou “profundamente mexida” quando o ouviu, após receber em suas mãos o roteiro da minissérie, escrito por Liz Meriwether. “Não conseguia entender porque ele mexeu tanto comigo, então eu soube que precisava fazer a série para entender porque essa história de amizade feminina e sexualidade tinha me afetado de tal forma que eu nem conseguia falar”, disse ela em um evento virtual com jornalistas, com a participação do Estadão.

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Michelle Williams em cena de 'Morrendo por Sexo' Foto: Sarah Shatz/FX/Divulgação

Apesar do final, a história de Molly não é melodramática – a série passeia entre o drama e a comédia de uma forma que é, principalmente, muito humana, acompanhando a jornada de autodescoberta de sua protagonista. “O podcast contava a história da forma mais honesta possível, e foi assim que pensamos na narrativa da série”, afirmou Liz. “Vamos só contar a história e deixá-la ser tão estranha, bela, trágica e esquisita quanto possível.”

Orgasmos ‘únicos’

Naturalmente, as sequências de sexo são uma parte importante de Morrendo por Sexo, assim como as em que Molly atinge o orgasmo. Segundo Liz, era importante para a equipe da série que cada orgasmo fosse único, de forma a retratar várias formas de prazer feminino. “Queríamos que cada um fosse engraçado à sua maneira, que fosse real, e a Michelle se jogou”, recordou a roteirista.

A protagonista – que também é produtora executiva da minissérie – contou que houve uma cena de orgasmo em especial que foi mais desafiadora e a levou às lágrimas após as filmagens. “Estava sendo difícil, e de repente eu sentia que havia muitas pessoas no set. E eu tinha que fazer aquilo sozinha, o que é muito mais difícil do que quando você faz uma cena de sexo com outra pessoa, com quem você pode interagir. Eu estava me sentindo muito vulnerável”.

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A solução foi contar com a ajuda de Rob Delaney, que interpreta um vizinho com quem Molly se envolve. Michelle pediu a ele que atuasse com ela, mas atrás de uma parede, sem aparecer diante da câmera, e foi prontamente atendida. “Significou tanto para mim. Eu chorei, o abracei e disse o quanto foi importante”, recordou.

Michelle Williams e Jenny Slate em cena de 'Morrendo por Sexo', como as amigas Molly e Nikki Foto: Sarah Shatz/FX/Divulgação

Michelle não teve receios de assumir o papel mesmo sendo mãe. “Tem uma voz na minha cabeça que diz ‘não faça nada que sua avó não possa ver’ (...) Mas eu quero deixar um registro de quem eu era”, pontuou. “E se meus filhos se interessarem, eles poderão ver o que eu estava fazendo quando não estava com eles. Eu sempre quis fazer algo que me desse orgulho e que, quando eles crescessem, pudesse trazer um entendimento mais profundo de quem eu era e do que me interessava.”

“Sou a mãe de uma jovem mulher. Eu penso nela quando eu abordo algo assim, e espero que ela também possa sentir-se dona de seu próprio corpo”, acrescentou, referindo-se à filha Matilda, 19, fruto de seu relacionamento com Heath Ledger. A atriz ainda é mãe de outros três filhos com o marido Thomas Kail – Hart, de 4 anos, e mais duas crianças que não tiveram seus nomes revelados.

‘Jornada de cura’

Para Michelle, tanto a minissérie quanto o podcast refletem o quanto Molly Kochan se abriu para o mundo em suas experiências e ajudou também aqueles com quem se envolveu.

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“Ela observava as pessoas em seu caminho com o que eu definiria como uma aceitação radical de seus corpos e seus desejos”, notou. “Eu acho que ela passou também por uma aceitação radical do fato de que ela tinha que lidar com um corpo que estava falhando, e que isso ajudou essas pessoas a colocar em palavras aquilo que sentiam e desejavam”.

“Molly ser capaz de ter poder, de estar no comando, é uma parte pequena de uma jornada de cura maior. Ser capaz de ver o sexo dessa forma, sem a negatividade e a vergonha, é um grande feito”, concluiu a atriz.

Emocionada, Nikki Boyer, a amiga de Molly na vida real, disse acreditar que a amiga aprovaria Morrendo por Sexo. “Ela estaria muito orgulhosa, e eu sinto que ela está aqui. Eu sinto sua presença. Isto é um sonho realizado para mim, e vocês [a equipe da série] a retrataram com muita autenticidade. Espero que ela esteja gostando”.

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