
Alguns buscam abusar, outros se dispõem ao abuso. Se essa dialética se circunscrevesse aos desejantes e desejados, tudo bem, o mundo é livre.
Porém, abusadores e abusados criam um clima em que parece que todo mundo deve participar e que não houvesse outra coisa além disso para experimentar.
Como a maior parte deste período acontece no famoso "sábado à noite", a dinâmica de abuso, abusadores e abusados encontra terreno fértil para se desenvolver.
E não pensem vocês que essa dinâmica se refira apenas ao conteúdo sexual, pois abusos são feitos também sem sequer haver contato físico, através dos olhares e das palavras. É o caso dos preconceitos, sempre circulando e quando as pessoas são pegas em flagrante se recusam a admitir que sejam preconceituosas, insistindo em explicar que o que fazem não é atividade preconceituosa.
Tampouco há de se pensar que o abuso seja motivado por vestidinhos curtos e decotes insinuantes, os abusadores também preferem as recatadas. E nem pensem vocês que os abusadores sejam todos masculinos, também há as mulheres que impõem suas vontades.
Enfim, um pouco de inferno para todo mundo neste período. É bom conhecer o inferno também, dar uma espiada para ver o que há por lá, como se pode sofrer de forma eficiente através da insaciável busca de prazer, mas sem nenhuma estética, sem ética.
Andaram se refestelando com o sexualmente correto "50 tons de cinza", uma aproximação asséptica sobre os abusos. Querendo realmente saber sobre o tema é imprescindível ler Sade ou von Sacher-Massoch, pois isso evitará que você se confunda pensando que o abuso seja uma brincadeirinha que se pode controlar. Não é, nem nunca será.