Se dependesse de Vera Loyola, o planeta seria acarpetado com um imenso tapete persa. Sim, ela gosta do bom e do melhor. Mas, garante, "ao contrário do que pensa o Brasil", não é louca de sair por aí rasgando dinheiro. Aos que a criticam por ter retalhado um persa legítimo para fazer tapetinhos para o carro, responde simplesmente: "Sou adepta da reciclagem. O tapete estava puído, então cortei as partes boas e o reaproveitei." Não se engane com a resposta. Vera não se preocupa, absolutamente, em dar satisfação de seus atos. Recebe as críticas com os olhos naturalmente arregalados - uma das características mais marcantes de sua loira fisionomia - brilhando. Tapete nos pés, baguete na mão - ela é dona de uma rede de padarias no Rio e não nega a origem desglamourizada de sua fortuna -, Vera sabe muito bem que foi provocando polêmica que se tornou famosa e conquistou o título de socialite emergente. Por isso, no Programa Vera Loyola, que estréia hoje, às 22 h, na CNT, vai celebrar tudo aquilo pelo que foi rechaçada. Vera emprestou um de seus persas para decorar o cenário. Refastelada nele vai receber convidados que dirão para que personalidades estenderiam ou não o tapete. O quadro é uma homenagem a Raul Gil, criador de brincadeira semelhante na Record. Vera, aliás, queria entrevistar na estréia o cantor Beto Barbosa - que não tirou o chapéu para ela no programa de Raul Gil. O músico declinou do convite, assim como a cantora Maria Alcina. "Ficaram com medo. Medo da polêmica", afirma. Como para lembrar o público de que é "aquela mulher do aniversário de cachorro" - em 1999 virou de novo notícia por causa da festa que promoveu para sua Pepezinha -, Vera contratou a cadela Winde, com ampla experiência em comerciais de tevê, para ser sua companheira de palco. Espécie de versão canina do Louro José, Winde irá carregar na boca os textos do programa. Vera, autoproclamada defensora dos fracos e oprimidos - "quando criança costumava me enturmar com as meninas feiosas e sem graça, aquelas de quem ninguém queria ser amiga" -, é madrinha das drag queens cariocas e "uma das pioneiras em apoiar a causa homossexual". Faz, no programa, uma homenagem aos gays com o personagem Silva, um mordomo afeminado. Interpretado por Gil Latoreira, o desbocado Silva contracena com "madame" - assim se refere à patroa - em divertidas esquetes, costurando os quadros da atração. É em Pão e Baguete que Vera exibe com mais intensidade sua faceta Madre Teresa de Calcutá. Ela, o pão (um convidado emergente, alguém que venha se sobressaindo em qualquer área) e a baguete (uma convidada emergente) arremessam pães para a platéia de 150 pessoas. Vera Loyola é pão e é circo. "Quero que meu programa seja diferente", diz. "Você já zapeou a tevê? Todos os programas trazem sempre as mesmas pessoas! Não vou de Zezé di Camargo como todo mundo, minha filha. Vou de Sérgio Reis!", exalta-se. Ligue um gravador ou uma câmera na frente de Vera Loyola e ela em segundos estará fazendo discurso. "Sou a cara do Brasil, pois o Brasil é um país emergente" ou "Defendo o trabalho" são temas recorrentes em sua fala. Ela diz ter sido convidada para candidatar-se vereadora e deputada pelo Rio, mas preferiu fazer política na TV. "Não me daria bem em Brasília porque falo tudo o que penso." Hoje, ao assitir com amigos, em casa, à estréia do Programa Vera Loyola, a emergente estará realizando um sonho. Finalmente irá emergir.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.