O ator Marcos de Andrade percebeu que a presença de Antunes Filho seguia constante, após sua morte em maio deste ano. “Estava em uma padaria e um senhor ao meu lado pegou um guardanapo, foi o bastante para voltar todas as memórias de mais de dez anos no CPT.”
Tampouco o diretor regional do Sesc, Danilo Santos de Miranda, se preparava para a morte do encenador. “Não pensamos em viabilizar uma transição ou substituição”, conta em entrevista por telefone.

Na prática, não é simples dizer que o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), celeiro de grandes intérpretes dos últimos 40 anos, seguirá como sempre foi. Danilo reconhece. “Ninguém estava esperando, mas perdemos Antunes Filho. E não temos outro. No entanto, também não temos pressa.”
Desde sua morte, em maio, o clima do CPT é o de funcionar com a missão de assegurar a transmissão do treinamento teatral proposto pelo encenador, junto aos tantos artistas que formou. “É um tipo de luto que nos chama a seguir, porque não podemos parar”, afirma Miranda.
Para este ano, o diretor afirma que não há qualquer previsão de alteração ou mudanças, como residências com diretores e artistas convidados que ocupem o CPT para experiências temporárias. “O que queremos é que o CPT prossiga com a presença de gente de teatro e das áreas criativas das artes cênicas, como sempre foi.”
Em dezembro, quando Antunes completaria 90 anos, no dia 12, o Sesc tem programada uma ação, como diz Miranda, em homenagem ao encenador, ainda não confirmada.
Há também expectativa de que o Sesc viabilize publicações de materiais, imagens e vídeos da trajetória de um dos principais encenadores do País. “Já iniciamos a catalogação de sua produção. Os figurinos, por exemplo, já passaram por esse processo. Também seguimos em diálogo com a família de Antunes.”