Não bastasse o mistério do ‘quem matou?’, o ‘quem morreu?’ terá igual importância em Felizes para Sempre?, que estreia amanhã, às 22h40, na Globo. Dirigida pelo cineasta Fernando Meirelles e escrita por Euclydes Marinho, a minissérie de dez episódios é inspirada em Quem Ama Não Mata, escrita por ele mesmo em 1982. Cinco casais interligados e com problemas diferentes têm a vida abalada e se envolvem em um crime passional que só será solucionado no último capítulo.
“A primeira versão foi um dos meus trabalhos que mais deram certo. Remake é chato, pensei que poderia reescrever com novos casais. O título talvez seja um vontade de me libertar do Quem Ama Não Mata”, filosofa o autor, que batizou os personagens com os atores da produção antiga. Por conta dos novos tempos, ele acredita que a dinâmica dos relacionamentos da minissérie é outra. “As relações evoluíram. Há 32 anos, as coisas eram mais contidas. Hoje, as pessoas estão mais livres e soltas”, analisa Euclydes.
A estabilidade dos casais começa a entrar em colapso quando Marília (Maria Fernanda Cândido) e Cláudio (Enrique Diaz), que fazem terapia juntos para salvar a relação, resolvem fazer uma brincadeira a três e contratam os serviços da garota de programa Danny Bond (Paolla Oliveira). A situação se embola quando Cláudio sugere que o irmão adotado Joel (João Baldasserini) também recorra à prostituta para se divertir.
O jovem está prestes a se separar de Susana (Caroline Abras), que conheceu em uma clínica de reabilitação. Além disso, tem atritos com o Cláudio e recorre à ajuda de Danny para destruir a vida de Cláudio. Os dois têm ainda uma conexão com o irmão Hugo (João Miguel). Junto, o trio tem uma empresa envolvida em esquemas ilegais e corrupção em Brasília, onde a história se passa. A trama original acontecia no Rio de Janeiro.
A aparente felicidade fica por conta dos cabeças da família, Norma (Selma Egrei) e Dionísio (Perfeito Fortuna). Alegres em celebrar os 46 anos de matrimônio, eles também se deixam seduzir por outros. Enquanto a mãe de todos fica encantada por um colega mais jovem no trabalho, o patriarca vê renascer uma paixão antiga por Olga (Cássia Kis Magro). “Espero me tornar um dos maiores galãs velhos”, brinca Perfeito.
O último dos casais e que mais deve chamar a atenção é o formado por Daniela (Martha Nowill) e Danny, cujo nome real na trama é Denise. A primeira não sabe que a namorada se prostitui. Antes, não havia um par homossexual na antiga trama de Euclydes. “Não é para dar importância ao casal gay. É só mais um casal. Naquela época, não havia gay. A veadagem foi inventada nos anos 1990”, diverte-se.
ENTREVISTA : Adriana Esteves
De volta à TV mais de dois anos após o sucesso da Carminha de Avenida Brasil, Adriana Esteves encarna Tânia, mulher de Hugo (João Miguel). Cirurgiã plástica, ela toma anticoncepcional sem que o marido, que quer outro filho, saiba.
Carminha ainda está no imaginário do público. Como você vê o impacto da Tânia?
A Carminha eu não fiz para causar impacto. Os trabalhos novos são para que as pessoas apreciem e para que eu acredite no que estou fazendo. Olho para trás e vejo que é mais um personagem na minha trajetória que me engrandece. Achei interessante voltar à televisão fazendo um projeto menor e diferente. Eu tinha curiosidade de trabalhar com o Fernando Meirelles.
Por que a Tânia mantém um relacionamento infeliz?
Acho que tantas coisas podem fazer a gente manter um casamento. Falar que o amor acabou é tão relativo. Quantos casamentos a gente conhece em que a pessoa não ama, mas é amada? Escolheu ficar ao lado de alguém que a ama. Isso pode acontecer também.
A dramaturgia serve para as pessoas viverem o que não podem. Você acha que o público quer ver casais em crise na TV?
Você acha que não? Acho que a arte tem essa função de fazer você colocar para fora alguma coisa que está sentindo, refletir sobre isso. Será que as pessoas não têm vontade de olhar a crise de um casal e refletir sobre a sua própria crise ou valorizar um estado de falta de crise? O que que é para sempre? O para sempre é agora. O meu é assim