Terence Davies, o cineasta mais badalado do Festival do Rio BR, prestigiou ontem a abertura da Mostra do Redescobrimento no Rio, na praça entre a Casa França-Brasil e o Espaço Cultural dos Correios. Terence visitou os dois módulos expostos - Cangaço: um Redescobrimento e Negro de Corpo e Alma - e se disse maravilhado com o que viu. "Fiquei muito impressionado com Lampião, que eu não conhecia", disse Terence. Para ele, os registros do sertão brasileiro foram comoventes. "Os cantis, as cartucheiras, as marcas de costuras as roupas, tudo isso que Lampião e seus amigos usavam é extremamente bonito", disse ele, exaltado. Pelas impressões do cineasta, o bando de Lampião encantava pela altivez. "Mesmo os modelos que vestem as indumentárias transmitem corajem, eles estão sempre de pé e com peito estufado". "Tudo é muito brilhante, como a luz daqui". Essa foi a definição de Terence para a luminosidade dos apetrechos cangaceiros. "Na Inglaterra tudo é cinza, e assim as cores ficam mudas, mas aqui há luz e as cores ficam muito brilhantes". Seu olhar de cineasta identificou pigmentos e brilhos, mas não deixou de enxergar algo de histórico por trás da peças do cangaço. "Há algo de medieval nas roupas dos cangaceiros", diz Terence, "os pequenos brilhos me fazem lembrar um livro de horas medieval" Terence estava acompanhado de amigos ingleses. Apesar de ter gostado muito do Rio de Janeiro - fez visitas bem tradicionais, como Corcovado e Vista Chinesa - vai embora hoje. "Estou trabalhando em um novo filme na Inglaterra, não posso ficar, mas vou sentir falta da luz que vocês têm aqui", disse.