A Expedição Langsdorff ocorreu há 170 anos, mas até hoje é tema de novos projetos. Um deles é o documentário O Caminho da Expedição Langsdorff, uma produção da Grifa Cinematográfica e Discovery Channel que será exibido domingo, às 17 horas, na TV Cultura. O documentário já foi exibido em mais de 150 países, entretanto, somente agora chega à televisão aberta brasileira. O projeto surgiu por causa de uma "ligação familiar" com a história da expedição financiada em 1821 pelo czar russo Alexandre I e que tinha como objetivo provar a navegabilidade dos rios brasileiros. Na época, uma equipe formada por 39 pessoas, entre antropólogos, naturalistas, escravos e desenhistas, liderada pelo cônsul-geral da Rússia no Brasil, Jorge Henrique Langsdorff, percorreu cerca de 6 mil quilômetros de rios brasileiros (do Rio Tietê ao Rio Amazonas) em caráter científico e documental. A ligação familiar está no fato de que um dos três desenhistas da expedição, Hércule Florence, é tetravô da artista plástica Adriana Florence, que alinhavou o recente projeto de refazer a expedição, material que se transformou em documentário, livro e obras de arte. "A história da expedição eu ouvia com voz de vó falando para uma menina. Eu queria pesquisar quem era aquele artista e percebi que não era apenas uma história familiar, pertencia a todo mundo e devia ser divulgada", explica Adriana. O Discovery Channel ficou sabendo de seu projeto e por meio da Grifa Cinematográfica produziu, em 1999, o documentário que mostra o percurso de 32 dias de nova expedição - a Langsdorff durou nove anos. Adriana, assim como seu tetravô, desenhou as paisagens, os habitantes, os relevos e ainda fez diários de viagem. Hércule Florence também fez diários e foi por meio de um deles, o Diário Fluvial do Tietê ao Amazonas, enviado na época à Rússia e que ficou durante muitos anos esquecido nos porões da Academia de Ciências de São Petersburgo, que a expedição ficou conhecida. O documentário foi feito por uma equipe de 11 pessoas que refez o percurso com botes a motor e registrou todos os lugares e habitantes, entre eles os índios guatós, apiacás e mundurucus, os descendentes de escravos em Mato Grosso e os garimpeiros de Jurema, na selva amazônica, em Super 16 mm. Além do documentário, a nova expedição também rendeu o livro No Caminho da Expedição Langsdorff - Memória das Águas que Adriana Florence lançou na terça-feira. A edição foi feita a partir dos diários de viagens da artista plástica e conta com desenhos feitos in loco, registros de Hércule Florence e fotografias de Adriano Gambarini. E ainda há 20 obras abstratas e figurativas feitas em aquarela e técnica mista durante a viagem que estão expostas no Escritório de Arte Adriana Florence localizado na Rua Rodésia, 85, Vila Madalena. Os interessados podem visitar a exposição de segunda a sexta-feira, das 14 às 20h30 e aos sábados, das 10 às 16 horas.