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A ‘corrida do ouro’ por prédios antigos e de tijolos

Estruturas robustas e amplos espaços dos apartamentos estão elevando o número de compradores e os valores na região do Brooklyn, em Nova York

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Por Redação
Atualização:

NOVA YORK - Na cidade de Nova York, os construtores têm tido muito sucesso nas tentativas de atrair compradores para apartamentos de altíssimo padrão que oferecem o mais novo recurso do mercado imobiliário: um piso equipado com reflexologia térmica.

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Mas a característica que ainda apresenta mais interessados não é algo novo e reluzente, e sim o antigo e confiável: uma boa estrutura. Muitos compradores descobriram que seu sonho de consumo é um prédio geminado de tijolos no Brooklyn. Em bairros como Fort Greene, Park Slope, Boerum Hill e Red Hook, são muitos os interessados que procuram os corretores.

"É incrível", disse Jill Seligson Braver, corretora associada da Brown Harris Stevens. "Trata-se de um nível de atividade que não vejo desde 2006-2007. É imenso o número de pessoas procurando prédios geminados de tijolos, e a oferta é insuficiente para atender a demanda."

Jill disse que, em se tratando de prédios de tijolos, uma boa estrutura pode significar muita coisa: chamativos detalhes de época, rodapés esculpidos, plantas graciosas. Mas, invariavelmente, os prédios deste tipo oferecem uma sensação de solidez. "Os prédios de tijolos simbolizam a estabilidade", disse ela. "É a ideia de fincar as raízes num bairro no longo prazo."

É comum ver dúzias de pessoas se acotovelando nos imóveis em exposição ou se envolvendo em guerras de ofertas que deixam o preço original muito para trás. Com o pequeno número disponível de lares para uma só família, os compradores têm se mostrado ansiosos para comprar imóveis para duas ou três famílias que são então convertidos em unidades menores.

Um dos clientes de Jill, Phil Gennaway, comprou um prédio geminado de tijolos no bairro de Carroll Gardens em 1974, pagando por ele US$ 50 mil. Durante quatro décadas, o edifício de três andares, adequado para várias famílias, cumpriu sua função - servindo como lar para Gennaway e a mulher e, posteriormente, como fonte de renda já que alugaram após saírem da cidade.

Mas, depois de acumular despesas médicas no ano passado, Gennaway decidiu vender. Foi aconselhado a esperar até a primavera e, em abril, anunciou a venda por US$ 1,6 milhão.

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Gennaway, que passou muitos anos calculando o valor dos imóveis na cidade, ficou surpreso com a movimentação. Depois de mostrar o prédio a três grupos, em menos de uma semana ele recebeu nove ofertas.

O prédio está sendo vendido por um valor mais alto do que o pedido. Gennaway não quer revelar o preço antes da conclusão.

Por mais que os bairros mais procurados do Brooklyn nunca tenham sido tão atingidos pela recessão de áreas menores, o atual frenesi no mercado dos prédios geminados de tijolos é um reflexo da contínua demanda por espaços mais amplos.

O analista do mercado imobiliário Jonathan J. Miller, que trabalha para a Prudential Douglas Elliman, dividiu os números entre lares para uma, duas ou três famílias, e descobriu que os preços no noroeste do Brooklyn aumentaram muito em relação ao mesmo período do ano passado.

No fim de abril, o preço médio de venda para os imóveis de Park Slope tinha aumentado quase 20% em relação ao mesmo período do ano anterior, passando de US$ 1,2 milhão para US$ 1,45 milhão. As vendas no bairro também aumentaram: foram 158 este ano e 132 no ano passado.

A elevação mais acentuada nos preços foi observada em Boerum Hill - alta de 60%, com o preço médio saltando de US$ 1,1 milhão para US$ 1,6 milhão - e em Red Hook - alta de 73% no preço médio, que foi de US$ 475 mil para US$ 825 mil, embora se trate de um bairro pequeno que tem poucas propriedades no mercado. Em certos casos, os lares são vendidos por um preço mais alto do que aos praticados em 2007, quando a bolha imobiliária ainda não tinha estourado.

Miller disse que, mesmo excluindo dos cálculos as vendas mais caras, a alta acentuada nos preços é impressionante.

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"De acordo com a teoria, o aperto no crédito faria com que as pessoas procurassem lares menores", disse. "Mas não foi isso que ocorreu em Nova York. Em toda a cidade, o imóveis de amplo espaço dominam a procura." Tradução de Augusto Calil

(Reportagem de Marc Santora)

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