Convocado pela Comissão de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso para falar do furto de equipamentos da Petrobrás, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Felix, disse ontem que o caso continuará sendo investigado, apesar do entendimento da Polícia Federal (PF) de que se tratou de um crime comum. Presente à exposição do ministro, no gabinete do presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) disse ter ficado claro que, para o general, o caso ainda não está encerrado. ''''Isso (furto comum) não convence nem a mim nem a você'''', alegou o senador. Duque disse ter ouvido do general Félix a informação de que a Petrobrás e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) continuarão investigando o furto de quatro notebooks e dois discos rígidos, divulgado no dia 14 de fevereiro, que conteriam informações sobre o Campo de Júpiter, recém descoberto pela estatal. ''''O general pensa que o episódio é uma coisa muito séria porque estão em jogo interesses econômicos muitos fortes'''', afirmou Paulo Duque. O senador recorreu à sua experiência de ''''advogado criminal por muitos anos'''' para mostrar porque a tese de crime comum não convence, apesar da prisão de quatro empregados do terminal de contêineres Poliportos. ''''Acho que a maneira de conduzir a matéria foi muito ingênua'''', alegou. Segundo Heráclito, a decisão de ouvir o chefe do Gabinete Institucional foi tomado na terça-feira, ''''para esclarecer notícias veiculadas na imprensa referentes à Petrobrás''''. GRAMPOS A Abin, subordinada a Félix, anunciou no dia 14 que iria investigar o furto por se tratar de área estratégica e de relevante interesse para a segurança e a economia do País. A Agência passou a fazer levantamento de dados em cooperação com a Petrobrás e a PF. Na ocasião, a Abin informou que faz parte de sua missão constitucional atuar na defesa do interesse do Estado em situações desse tipo. Duque disse que, no Senado, o general também fez ''''uma exposição sobre grampos''''. ''''Fomos nós que perguntamos, mas esse não é bem o setor dele'''', afirmou, sem querer se estender sobre os termos da conversa. Instituída pela lei que criou a Abin, a CCAI dispõe que o controle e a fiscalização da atividade de inteligência serão exercidos pelo Poder Legislativo. A comissão é formada pelos presidentes das Comissões de Relações Exteriores da Câmara e do Senado e pelos líderes da maioria e minoria das duas Casas.
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