Ação do Cruzeiro do Sul perde 15% depois de alta 'espetacular'

Queda segue-se à notícia de que rombo no banco é de pelo menos R$ 2,5 bi; FGC diz que valor ainda está sendo apurado

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As ações preferenciais (PN) do banco Cruzeiro do Sul caíram 15,25% ontem, interrompendo uma sequência de valorizações que fez os papéis saltarem 66% entre os dias 1.º e 13 de julho. Muitos profissionais no mercado financeiro mostravam-se intrigados com o comportamento das ações e dos títulos do banco negociados no exterior. Para eles, não havia justificativa para o movimento de alta. O recuo seguiu-se à reportagem do Estado publicada sábado, que mostrou que o rombo do banco cresceu e já chega a R$ 2,5 bilhões - o dobro da previsão inicial do Banco Central (BC), que era de R$ 1,25 bilhão. O número final, que pode ser ainda maior, aparecerá no próximo balanço do banco, que deverá ser divulgado em agosto - quando o trabalho de auditoria nas contas do Cruzeiro do Sul estiver concluído. O banco está sob intervenção do BC desde o dia 4 de junho. Na ocasião, os controladores da instituição - Luís Octavio e Luís Felippe Índio da Costa - foram afastados. A partir de então, o Cruzeiro do Sul passou a ser administrado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), no âmbito do chamado Regime de Administração Especial Temporária (Raet). Nota. Ontem, o FGC divulgou uma nota na qual afirma que "até a conclusão do balanço especial previsto em lei, que se encontra em fase de elaboração, não é possível precisar qualquer valor estimado de perda ou necessidade de ajustes na instituição e suas controladas". Na nota, o FGC também comenta a forte alta das ações em julho. "Igualmente desconhecemos qualquer motivo ou fundamento que possam justificar as oscilações de preço, tanto das ações do banco quanto dos títulos por ele emitidos nos mercados internacionais ou internos ocorridas nos últimos dias", diz o texto, enviado para a agência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).O R$ 1,25 bilhão estimado inicialmente pelo BC era resultado da descoberta de fraudes contábeis concentradas em empréstimos consignados falsos. Pela mais recente estimativa, o número cresceu e a conta já alcança cerca de R$ 1,6 bilhão. Os R$ 900 milhões restantes (para totalizar os R$ 2,5 bilhões) são consequência de ativos super avaliados, passivos tributários e provisões contra perdas de crédito inferiores às regras do BC, entre outros problemas.Os números têm sido levantados pelos profissionais do FGC, funcionários do Banco Central e auditores da PricewaterhouseCoopers, contratada especialmente para esse fim. Um buraco de R$ 2,5 bilhões ameaça a estratégia do BC e do FGC de sanear o Cruzeiro do Sul e encontrar um comprador para a instituição. Na avaliação de especialistas, o banco não vale um investimento desse tamanho.

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