Pelo menos 150 mil toneladas, ou 50% das 300 mil toneladas de aço inoxidável que a Acesita programa produzir neste ano, devem ter como destino final o mercado externo. Se concretizado, o volume representará acréscimo de 65% em relação às vendas externas de 2001 e de 300% na comparação com o volume exportado pela empresa há quatro anos. Para atingir esse resultado, a área de exportação da empresa foi reestruturada, resultando na criação da superintendência de mercado externo e na gerência de administração de vendas. Em entrevista à Agência Estado, o presidente da siderúrgica, Luiz Anibal de Lima Fernandes, explica que o crescimento faz parte de um ambicioso projeto de internacionalização da siderúrgica. Ele lembra que a empresa acaba de concluir um programa de investimentos no valor de US$ 100 milhões, que ampliou a capacidade de produção de aço inoxidável da usina de 300 mil toneladas para 490 mil toneladas. No ano passado, o principal destino das exportações da siderúrgica foram os países da Europa, com uma participação de 28%. Os países da Ásia e Pacífico vieram em segundo lugar, com 25%. A América Latina respondeu por 17%, percentual igual ao mantido pelos Estados Unidos e Canadá juntos. O Oriente Médio e África, por sua vez, representaram por 13% das vendas externas da Acesita. Para 2002, a perspectiva é de aumento nas vendas para a Ásia, que deve assumir a posição de maior mercado internacional da Acesita. Nos primeiros seis meses do ano, a região respondeu por 40% das exportações da empresa. A empresa também está otimista em relação à recuperação do preço do aço inoxidável, que alcançou em 2001 o nível mais baixo dos últimos 20 anos, cotado a US$ 1,1 mil a tonelada. "Já houve recuperação neste ano, chegando a US$ 1,45 mil a tonelada, preço que ainda continua baixo, mas, pelo menos, não estamos mais no fundo do poço", avalia o presidente da Acesita. As boas perspectivas devem-se às maiores demandas da Europa, que vem recompondo seus estoques, e ao crescimento real do consumo em países como Índia e China. Longo prazo O aumento das exportações vem em boa hora, visto que o mercado brasileiro tem se retraído frente a tanta instabilidade econômica, criada principalmente pelas eleições presidenciais. A expectativa do presidente da siderúrgica é de que as vendas de aço inoxidável para o mercado brasileiro registrem queda de 3% neste ano. "Muitas empresas, seja da área de bens de consumo ou de máquinas e equipamentos estão postergando seus investimentos por conta das turbulências, ajudando a reduzir o consumo de aço inoxidável no País", explica. A expectativa é de que as vendas no mercado externo totalizem 160 mil toneladas neste ano. Além da crise nacional, que espera-se seja passageira, a empresa tem ainda como desafio elevar o consumo per capita de aço inoxidável no País, atualmente da ordem 1,2 quilo por habitante. "Nos Estados Unidos e Europa, o consumo de aço inoxidável é da ordem de 8 a 10 quilos por habitante", compara. Leia mais sobre os setores de Mineração e Siderurgia no AE Setorial, o serviço da Agência Estado voltado para o segmento empresarial.
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