O esforço de seis anos para um acordo comercial global enfrenta um alto risco de fracasso, afirmou nesta sexta-feira o comissário de comércio da União Européia, Peter Mandelson, aumentando a pressão sobre os negociadores antes de uma reunião esperada para as próximas semanas. "Agora eu temo que Doha esteja enfrentando um grande risco de fracasso --o primeiro fracasso em uma rodada sobre comércio multilateral", disse ele em um discurso durante encontro de ministros de Comércio de alguns dos países mais pobres do mundo, realizado em Lesoto, na África. "Estamos com uma janela final para esse acordo". A Rodada de Doha da Organização Mundial de Comércio foi lançada em 2001 para impulsionar a economia global e ajudar os países pobres reduzindo as barreiras para suas exportações. Mas as negociações enfrentaram crise após crise, com as discussões entre os países ricos e pobres sobre quem deveria fazer o que. A mudança de presidente dos Estados Unidos no ano que vem pode atrasar as negociações por vários anos ou ainda causar o seu colapso, disseram autoridades comerciais. A expectativa é de que a OMC convoque uma reunião entre as principais autoridades de comércio em março ou abril para pressionar por um avanço na rodada. Mandelson disse que a UE fez uma oferta generosa sobre a remoção de barreiras de seus mercados agrícolas. Agora os EUA têm que acompanhar com reduções aos subsídios agrícolas, enquanto grandes países em desenvolvimento -- como Brasil e China, precisam abrir seus mercados de bens industriais e serviços. Um acordo na OMC daria à economia global um novo impulso de confiança e garantias contra o protecionismo, mas o fracasso enviaria "o pior sinal possível... quando buscamos soluções globais sobre mudança climática e fluxos financeiros". (Por William Schomberg)
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.