BUENOS AIRES – A União Europeia indicou ao Mercosul que não há mais tempo suficiente para assinar o pré-acordo comercial entre os dois blocos em 2017. A afirmação foi uma resposta ao esforço do bloco sul-americano que tentava destravar as negociações na Argentina.
Agora, eventual assinatura só acontecerá a partir do início de 2018. O adiamento é um revés para a intenção dos presidentes Maurício Macri e Michel Temer, que esperavam anunciar a decisão ainda este ano em seus países e, assim, faturar politicamente.
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O recado que frustrou as expectativas de brasileiros e argentinos foi dado em uma reunião entre os chanceleres e ministros de Comércio do Mercosul com os comissários europeus que negociam a criação de uma área de livre comércio com 800 milhões de habitantes. Aos sul-americanos, europeus disseram que poderiam chegar ao pré-acordo “no início de 2018, mas sem prazo exato”. A afirmação frustrou a iniciativa do Mercosul que, no esforço de tentar chegar ao acordo, indicou à UE quais novas concessões poderão ser feitas caso europeus apresentem proposta melhorada. Segundo a fonte ligada aos sul-americanos, a reação dos negociadores Cecilia Malmström, comissária responsável pelo comércio da UE, e Phil Hogan, da área agrícola, foi positiva, mas eles informaram que não havia tempo para consultar as autoridades em Bruxelas e ainda elaborar uma contraproposta este ano.
Entre diplomatas sul-americanos, o clima é de resignação. O tom é muito diferente da euforia recente. Até a semana passada, negociadores previam assinatura do pré-acordo em Buenos Aires nesta quarta-feira, 13, em paralelo à reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC). No domingo, 10, o grupo reconheceu que não seria possível e, sob a liderança brasileira, passou a prever 21 de dezembro, quando haverá reunião de cúpula do Mercosul em Brasília.
O adiamento é um revés político para Macri, que queria assinar o documento na capital argentina esta semana, e também para Temer, que passou a contar com a possibilidade de o ato ocorrer em Brasília nos próximos dias. Ambos encaram a assinatura do pré-acordo como um símbolo da nova agenda econômica de reformas e abertura das duas maiores economias da América do Sul.
O clima de frustração do Mercosul foi reforçado pela falta de avanço na prometida aproximação com outros dois parceiros comerciais: Coreia do Sul e Canadá. Com os coreanos, não foi possível anunciar o início das tratativas por uma área de livre comércio porque o parlamento do país asiático ainda não aprovou o pedido. Com os canadenses, também não foi possível avançar porque o governo local não concluiu o processo de consulta à sociedade sobre o tema.
Azeite e uísque. Antes do novo adiamento, o Mercosul havia indicado novos produtos que poderão entrar no livre comércio com a Europa: azeite de oliva e uísque. Havia forte resistência de argentinos e paraguaios, respectivamente, que queriam proteger esses setores. Assim, o bloco elevou de 89% para 90% do comércio com a UE que passaria a ter tarifa zero de importação – exatamente o pedido de Bruxelas.
Além disso, o grupo indicou aos europeus que poderia reduzir amarras e liberar totalmente o comércio de 60% dos produtos em dez anos. Antes, o Mercosul oferecia tarifa zero em uma década para 54% das mercadorias.
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