O presidente Jair Bolsonaro repetiu os passos na votação da reforma da Previdência e liderou um movimento para desidratar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do auxílio emergencial para atender a demanda da sua base de apoio, formada pela área de segurança. O Ministério da Economia busca minimizar as perdas e evitar o pior cenário, com um fatiamento da proposta e a aprovação apenas da autorização de uma nova rodada do auxílio.
Segundo apurou o Estadão, a expectativa nesse momento na equipe econômica é de uma supressão pontual para atender a pressão dos policiais que querem ficar de fora dos gatilhos, medidas de corte de gastos que poderiam levar ao congelamento de salários e suspensão de promoções.

Não se espera a necessidade de o texto voltar ao Senado para uma nova votação com a supressão dos itens desidratados, o que não ensejaria a necessidade de uma PEC paralela.
As medidas para os policiais são dadas como certas, mas a retirada da PEC dos cortes de renúncias tributárias ainda não é 100% acertado. A pressão é enorme, o que mostra a pouca disposição do Congresso de cortar as renúncias para aumentar a arrecadação e diminuir o rombo das contas públicas.
Auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes, porém ressaltam que esse ponto já foi desidratado no parecer do senador, Márcio Bittar (MDB-AC), porque deixaram a responsabilidade para o presidente da República apresentar um plano de corte de renúncias de 4% para 2%, mas não forçava o Congresso a analisá-lo. Quase metade das renúncias ficaram de fora do alcance da tesoura no texto aprovado no Senado.
Bolsonaro já tinha patrocinado, na semana passada, a retirada do programa Bolsa Família do teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação. Diante da repercussão negativa do mercado, recuou. Agora, patrocina a desidratação dos gatilhos, apontados pela equipe de Guedes como o "coração da PEC".
*REPÓRTER ESPECIAL DE ECONOMIA EM BRASÍLIA